O ministro de defesa da Argentina, Julio Martínez, confirmou ao jornal La Nacion nesta semana que o país negocia com a França a compra de 12 caças Mirage F1 e “alguns” Mirage 2000. A Fuerza Aérea Argentina, que no passado foi uma das maiores forças do continente, vive um difícil momento. Desde a desativação dos últimos Mirage III, em agosto de 2015, o país não conta com um caça supersônico.
“A Força Aérea Argentina não pode prescindir de aviões supersônicos. Nossos pilotos devem ser capazes de treinar em equipamentos modernos “, disse o ministro, que não comentou sobre valores. “A negociação ainda está em andamento”, acrescentou.
Martínez também confirmou que essa mesma negociação com a França ainda inclui 20 motores para reequipar a frota dos turbo-hélices Pucará, aeronave desenvolvida na Argentina, pela FMA, e atualmente praticamente inoperantes, como citou a publicação.
Segundo o ministro, os Pucará remotorizados seriam adicionados à “vigilância das fronteiras do norte, a principal rota do narcotráfico”. Martínez ainda acrescentou: “Não é possível realizar essa atividade com aviões supersônicos. Os Pucará são absolutamente apropriados para isso”.
Outras opções
O ministro do governo de Mauricio Macri contou ao jornal que outros países também ofereceram seus próprios aviões, citando a Itália como um exemplo, que produz o jato supersônico Alenia Aermacchi M-346. Esse avião foi concebido para tarefas de treinamento avançado, mas também pode ser aplicado em combate, como caça e bombardeiro.
Martínez também reconheceu que, mesmo se os Estados Unidos propuserem vender lotes de caças Lockheed Martin F-16 Falcon usados, a opção francesa é mais coerente com as necessidades do país. “A hora de voo do F-16 o torna quase proibitivo”, afirmou o ministro – cada hora de voo do F-16 custa cerca de US$ 17 mil.
Outra opção, mas esta cogitada pelo jornal, seria uma solução “brasileira”: adquirir caças SAAB Gripen NG produzidos sob licença no Brasil, incluindo transferência de tecnologia.
No primeiro semestre de 2015, o governo argentino, ainda comandado por Cristina Kirchner, havia aberto negociações com Israel para adquirir 14 caças IAI Kfir, também de segunda mão. Com a posse de Macri, no final do ano passado, o processo foi cancelado.
Defesa aérea argentina
Atualmente, o principal avião de defesa aérea da Argentina é o veterano caça-bombardeiro A-4 Skyhawk, clássico avião da Lockheed projetado no início dos 1950. Apesar de diversos programas de modernização, a aeronave de desempenho apenas subsônico, caminha para seus últimos voos com a força aérea argentina.
As forças armadas argentinas utilizaram o A-4 em ataques durante a Guerra das Malvinas, contra a Inglaterra, em 1982. Os últimos operadores militares do Skyhawk são a força aérea da Argentina e a Marinha do Brasil, que possui modelos preparados para pousar e decolar a partir do porta-aviões Nae São Paulo.
Outro jato argentino que pode ser empregado em combate é o IA-63 “Pampa”, de fabricação nacional. Concebido como aeronave de treinamento avançado, justamente em preparação de novos pilotos de caças supersônicos, o Pampa também pode ser equipado para atuar em missões de interceptação.
A compra dos caças franceses, se de fato for concretizada, porém, pode ser apenas uma solução de curto prazo, uma vez que os Mirage 2000 e, principalmente, o Mirage F1 também são projetos de longa data e com pouco tempo de vida útil.
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