A situação crítica não é exclusividade da Avianca Brasil entre as empresas comandadas pelo grupo Synergy. Também a Avianca Argentina passa por sérias dificuldades e corre o risco de fechar em breve, segundo a imprensa do país. Em fevereiro, a companhia pediu concordata, mas a questão ainda não teria sido analisada pela Justiça do país.
O sindicato dos aeronautas (Asociación Argentina de Aeronavegantes) do país confirmou nesta semana que a companhia aérea atrasou salários – o de fevereiro foi pago apenas no dia 21 de março – e até um plano de demissão voluntária foi criado mas acabou sem adesões.
“Das cinco rotas criadas em em janeiro deste ano, hoje apenas duas são feitas, uma situação que nos coloca em alerta devido ao perigo que isso acarreta na conservação das fontes de trabalho das tripulações argentinas“, afirmou o sindicato.
O CEO da Avianca Argentina, Carlos Colunga, reconheceu o momento delicado: “Temos 80 pilotos para dois aviões e a situação se torna insustentável. Planejamos ter quatro aviões e é por isso que contratamos e treinamos pilotos, mas o dólar dobrou seu valor e o combustível subiu desproporcionalmente, o que tornou impossível trazer os dois aviões que planejamos“, afirmou o executivo. Hoje a Avianca argentina só voa de Buenos Aires para Mar del Plata e Santa Fe com os dois ATR 72 recebidos logo após a sua criação, em 2017.
Ex-companhia do presidente Macri
Antes da crise na Avianca Brasil, a companhia aérea argentina tinha planos bem mais ambiciosos que incluíam um voo entre Buenos Aires e São Paulo, aproveitando a então malha aérea da irmã brasileira. Até mesmo um A320 foi recebido da Avianca brasileira, prefixo PR-ONY, mas que voou por pouco tempo até ser encostado. A rota para Guarulhos, que estrearia em 5 de fevereiro, acabou suspensa.
Na complexa estrutura montada pelo grupo Synergy, a Avianca Argentina foi criada após a compra da companhia Macair Jet, que pertencia ao presidente da Argentina, Mauricio Macri. A empresa é oficialmente chamada Avian Líneas Aéreas e utiliza o nome comercial de “Avianca Argentina” bem como a pintura comum às demais empresas aéreas do grupo.
Leilão em vista
Enquanto o braço argentino da Avianca tem pouco peso para o grupo, a Avianca Brasil segue seu calvário de redução de frota e dificuldades de pagamentos. Nos últimos dias vários operadores de aeroportos passaram a cobrar à vista pelas taxas devidas pela empresa por atraso nesses pagamentos.
A companhia também negocia a devolução de vários aviões alugados após seus credores terem aceitado a proposta de um deles, o grupo Eliott, de fatiar seus ativos em sete lotes, seis deles com slots e um com o programa de milhagem “Amigo” a fim de arrecadar mais dinheiro com o leilão que deve ocorrer nas próximas semanas.
A proposta, que contou com o apoio da LATAM e da Gol,que se comprometeram a oferecer ao menos US$ 70 milhões (R$ 270 milhões) por um dos lotes, desagradou a Azul Linhas Aéreas, primeira empresa a se interessar pelo espólio da Avianca. A empresa de David Neeleman, no entanto, pretendia arrematar todos os ativos num único leilão. Por essa razão, ela já cogita não participar do certame.
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