Associação europeia de aviação executiva compra briga com o Greenpeace

Relatório do grupo de conservação ambiental apontou que a poluição de jatos particulares na Europa dobrou em um ano; EBAA diz que não foi isso tudo
Ativistas do Greenpeace protestando em frente a um jato executivo do aeroporto de Schipho (Greenpeace)

A Associação Europeia de Aviação de Negócios (EBAA, na sigla em inglês) não ficou nada satisfeita com um relatório divulgado pelo Greenpeace no fim de março, no qual o grupo ambientalista afirma que “a poluição de jatos particulares europeus dobrou em um ano”.

Confeccionado pela consultoria de sustentabilidade CE Delf, o estudo encomendado pelo Greenpeace aponta que o número de voos na Europa com aviões privados aumentou em média 64% em 2022. Na Holanda, segundo os ambientalistas, esse aumento foi ainda maior, de 87%, totalizando a emissão 53.000 toneladas de CO2.

A EBAA, no entanto, diz que os dados apresentados no estudo do Greenpeace são incorretos e distorcidos por não levarem em consideração os dados anteriores ao período da pandemia de Covid-19.

“O número de voos de negócios europeus é comparado pelo Greenpeace a um ponto historicamente baixo durante a crise do Covid-19, em vez de um ano normal sem restrição de viagens”, reclamou a associação europeia. “Isso cria uma imagem de crescimento explosivo, mesmo que isso não tenha ocorrido de fato.”

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Usando como base os dados de poluição compilados pela Eurocontrol, comparado as atividades da aviação privada no Velho Continente de 2022 com a de 2019, a EBAA apontou que o movimento da aviação executiva na região cresceu 7% em vez de 64% como divulgado pelo Greenpeace.

“Apesar de um pico temporário no número de voos de negócios após a reabertura das fronteiras internacionais, a EBAA relata uma estagnação desse crescimento nos primeiros meses deste ano, o que pode se transformar em um leve declínio”, informou a associação europeia.

Protesto do Greenpeace
Avião da Air France é alvo de “greenwashing” do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, em 2021 (Greenpeace)

O EBAA também afirmou que “o Greenpeace ignora sistematicamente” o contexto da aviação executiva. “Em comparação com a aviação regular, a aviação executiva é um setor extremamente pequeno que contribui apenas de forma muito limitada para as emissões globais de CO2. Em todo o mundo, a aviação executiva representa 0,04% das emissões globais de CO2.”

A associação europeia reiterou que o setor, “ao contrário do que o Greenpeace quer acreditar”, é na verdade um grande impulsionador da sustentabilidade na aviação, embora não tenha apresentado nenhuma grande inovação nesse sentido nos últimos anos.

Aeroporto de Amsterdã quer banir jatos executivos

Coincidência ou não, dias após o Greenpeace divulgar o estudo sobre o aumento da poluição na Europa vinda de aviões executivos, a administração do Aeroporto de Schiphol, na capital holandesa Amsterdã, lançou um plano para proibir as atividades de jatos privados no terminal.

De acordo com a proposta, o aeroporto na Holanda pretende colocar a medida em vigor no máximo até 2026. Schiphol diz que essa medida é necessária pois os jatos executivos geram “uma quantidade desproporcional de ruído e emissões de CO2 por passageiros”.

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