A fabricante franco-italiana ATR informou nesta sexta-feira (29) que está próxima de completar a primeira fase de modificações numa aeronave de testes 42-600 para transformá-la na variante 42-600S, de pouso e decolagem curtos (STOL, na sigla em inglês).
De acordo com a empresa, que é controlada pelos grupos Airbus e Leonardo, o modelo em fase de adaptação que servirá de protótipo na etapa inicial de testes terá uma “configuração STOL parcial”. As modificações incorporadas a aeronave incluem o reforços na parte traseira da fuselagem, sistema de frenagem automática e spoilers de solo, além dos computadores de controle desses dispositivos.
François Lannaud, gerente do programa STOL da ATR, diz que a fase inicial de testes de voo da aeronave acontecerá até o fim deste ano. “Eventualmente, vamos parar a aeronave novamente para uma segunda fase de conversão para trazer a aeronave a sua configuração final”, acrescentou o executivo.
A segunda fase de modificações da aeronave incluirá a instalação de um novo e maior leme direcional, componente que ampliará a capacidade de controle do avião em velocidade mais baixas. A certificação do ATR 42-600S na Europa está prevista para o segundo semestre de 2024.
Programa lançado pela fabricante em 2019, o ATR 42-600S é proposto para operar em aeroportos que possuem pistas com apenas 800 metros de comprimento. A capacidade de passageiros do STOL será limitada em 42 ocupantes, enquanto o ATR 42-600 convencional comporta até 50, mas exige pistas com mais de 1.000 metros de extensão para operar com segurança.
A ATR aposta alto na novidade e acredita que o modelo para pistas curtas pode expandir seus negócios em cerca de 25%. A empresa calcula que atualmente existem cerca de 500 aeroportos em todo o mundo com pistas entre 800 e 1.000 metros que podem receber operações do ATR 42-600S.
Um avião com as capacidades do novo ATR abre novas possibilidades na aviação regional. No Brasil, o ATR 42-600S poderia operar nos aeroportos de Guarujá, Ubatuba ou Angra dos Reis, citando apenas alguns exemplos. A fabricante estima que essa fatia do mercado na aviação mundial vai exigir cerca de 800 aeronaves com essas características nos próximos 30 anos.