Atual fabricante líder no segmento de aviões comerciais com motores turbo-hélice, a ATR está planejando desenvolver uma nova aeronave para complementar os modelos ATR 42 e ATR 72. “Vamos lançar um novo programa de avião. Mas ainda não posso dizer o que é”, afirmou Christian Scherer, presidente-executivo da empresa franco-italiana, ao Flight Global.
Scherer declarou que a ATR e seus acionistas – a empresa é controlada pela Airbus e a Leonardo – iniciaram um processo de planejamento estratégico sobre o desenvolvimento futuro de uma nova aeronave.
O presidente-executivo da empresa, porém, afirmou que ainda não está claro se o projeto será um avião maior, como uma evolução da atual família ATR 42/72, ou a introdução de um modelo totalmente novo, com tecnologias mais radicais. Como indicou Scherer, escolher esse segundo caminho poderia envolver sistemas de propulsão híbrido-elétrico, novos materiais e técnicas de construção e configurações de cabine com apenas um ou nenhum piloto.
A Leonardo, que detém 50% das ações da ATR (a Airbus é dona da outra metade), já expressou em diferentes ocasiões seu interesse de expandir a família ATR 42/72 com uma aeronave maior com espaço para ao menos 90 passageiros. Em 2017, o grupo italiano sugeriu que poderia seguir adiante em tal projeto por conta própria ou com outros parceiros.
Perguntado sobre essa questão, Scherer salientou que os estudos em curso nessa área estão “muitos focados” na parceria atual. O executivo declarou que a Airbus e a Leonardo vêem a ATR como uma “marca valiosa” como o “veículo certo para desenvolver seus programas de aeronaves regionais”.
O executivo afirmou que a Airbus tem interesse em empregar “tecnologias disrupitivas” em um futuro projeto da ATR. Como explicou o chefe da ATR, essa oportunidade pode proporcionar avanços tecnológicos em testes com menor risco industrial em relação às principais aeronaves do grupo europeu, como os jatos da família A320.
Sem pressa
Scherer também declarou que não vê “nenhuma urgência” em decidir sobre o desenvolvimento de uma nova aeronave, apesar das avaliações recentes da Embraer sobre um potencial retorno a categoria dos turbo-hélices.
No ano passado, a Embraer indicou que estava explorando a possibilidade de retornar ao mercado de aeronaves turbo-hélices com um novo produto. Em setembro, a fabricante brasileira realizou um encontro com mais de 20 companhias aéreas para ouvir suas opiniões sobre o sergmento – o último avião turbo-hélice da Embraer EMB-120 Brasília, produzido entre 1983 e 2001.
Ainda em entrevista a publicação norte-americana, Scherer acrescentou que nenhum processo de desenvolvimento será adiantado por conta do surgimento de um programa concorrente de outro fabricante. “Se eu fosse um acionista da Embraer, estaria muito, muito nervoso em arriscar meu pescoço ao lançar um programa de turbo-hélices regionais sem antes saber o que o líder nesse campo, a ATR, vai fazer”, disse o executivo.
Outra pista sobre o futuro da empresa franco-italiana vem da Pratt & Whitney Canada, único fornecedor de motores para os aviões da ATR. A fabricante canadense já revelou que está desenvolvimento um motor de nova geração que poderia impulsionar uma aeronave projetada para 90 passageiros. O novo motor está programado para chegar ao mercado entre 2023 e 2025.
O presidente-executivo da ATR reconheceu que o desenvolvimento de uma nova aeronave normalmente leva cerca de cinco anos, o que coincide com a entrada em serviço dos novos motores Pratt & Whitney. Scherer, no entanto, declarou que o futuro programa da empresa não será determinado por fornecedores externos e ainda acrescentou que a fabricante também está em contato com os fabricantes de motores GE Aviation, a Rolls-Royce e a Siemens, está no campo sobre propulsores elétricos.
“Não há nenhuma pendência urgente nos dizendo ‘rápido, rápido, rápido’. Podemos tomar o nosso tempo”, finalizou Scherer.
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O projeto do ATR-72 já é vovô. Enquanto isso, os jatos regionais avançam, levando mais e gastando menos.
A ATR também corre o risco de uma das grandes, como a Embraer, desenvolver um turboélice para concorrer no segmento, o que poderia ser o início de seu fim.