A fabricante ítalo-francesa ATR prometeu divulgar detalhes da estratégia sobre o futuro de suas aeronaves turboélices nos “próximos dois a três meses”. A afirmação partiu de Stefano Bortoli, CEO da companhia, durante a apresentação dos resultados da empresa em 2021, na última semana.
O executivo-chefe da ATR, porém, não adiantou nenhuma informação sobre o novo plano da empresa em relação aos seus produtos. Ele comentou, por exemplo, que a fabricante não tomou decisão alguma sobre a introdução de tecnologias futuristas de motorização, como sistemas híbrido-elétricos ou uso de hidrogênio, tampouco se comprometeu a lançar um projeto totalmente novo.
A mídia estrangeira, entretanto, interpretou a fala de Bertoli como um possível prenúncio sobre o lançamento de um novo avião ou então de versões atualizadas dos modelos bimotores ATR 42 e ATR 72, que são os turboélices de passageiros mais vendidos da atualidade.
A fabricante, que é parte de uma sociedade entre Airbus e Leonardo, não lança uma nova aeronave desde janeiro de 1986, quando apresentou o ATR 72, após a boa resposta do ATR 42 no mercado. Nesses 36 anos, a ATR atualizou seus dois turboélices, criou versões especiais como a dedicada à carga, mas não voltou a propor um novo avião nem migrou para outros segmentos, como fez a Embraer, por exemplo.
“Estamos estudando diferentes alternativas e, juntamente com nossos acionistas, anunciaremos o próximo passo quando isso for alcançável com um cronograma sólido o suficiente para ser divulgado ao público”, disse Bortoli. “Continuaremos a ouvir nossos clientes e, se e quando eles solicitarem um produto totalmente novo, responderemos a essa necessidade”, acrescentou.
Um dos focos da ATR atualmente é a adoção de soluções sustentáveis para os conjuntos propulsores de suas aeronaves. Até o fim deste ano, a empresa pretende introduzir a opção do novo motor turboélice Pratt & Whitney Canada PW127XT nos modelos ATR 42 e ATR 72, que podem alcançar uma economia de 3% no consumo de combustível. Outra frente avaliada pela empresa é a adoção do SAF, sigla em inglês para Combustível Sustentável de Aviação.
A ATR completou recentemente testes de voo com um ATR 72-600 abastecido parcialmente com SAF. Nesses ensaios, um dos motores da aeronave rodou com o combustível sustentável e o outro usou querosene comum. Segundo Bortoli, a meta da companhia é obter a certificação para uso pleno do SAF até 2025.
Por fim, o CEO da empresa afirmou que “em breve” a ATR iniciará os testes de voo do ATR 42-600S, variante projetada para pousar e decolar em pistas curtas, com menos de 1.000 metros de extensão. De acordo com o executivo, a certificação da aeronave está prevista para 2024.
ATR nos HimalaiaS
Dias depois da apresentação, a ATR anunciou durante o Singapore Airshow que a companhia aérea Alliance Air, da Índia, fechou um contrato de leasing de dois ATR 42-600 via a empresa de leasing TrueNoord.
Antiga regional ligada à Air India, a Alliance Air opera 18 ATR 72-600 e usará as novas aeronaves em voos para os aeroportos de Shimla e Kullu, localizados em grande altitude na cordilheira do Himalaia.