A Austral Líneas Aéreas está oficialmente extinta a partir desta terça-feira, 1º de dezembro. A companhia aérea argentina, cuja criação remonta ao final da década de 50, foi unificada à Aerolíneas Argentinas, que passou a assumir seus ativos, incluindo 26 jatos E190, da Embraer.
Lançado em maio durante a pandemia, o processo de fusão das duas companhias aéreas foi a solução encontrada pelo governo de Alberto Fernández para reduzir custos e fortalecer a marca “Aerolíneas Argentinas”. Nesta segunda-feira, Pablo Ceriani, presidente da companhia aérea, recebeu de Paola Tamburelli, chefe da Administração Nacional de Aviação Civil (ANAC), o certificado operacional que formaliza a fusão.
“Hoje é um dia histórico para a aviação do nosso país e para a Aerolíneas Argentinas. Finalizamos o processo de fusão com a Austral e a partir de amanhã (1º de dezembro) nossas operações serão unificadas. Uma decisão promovida pelo presidente Alberto Fernández que culmina no prazo que havíamos previsto”, afirmou Ceriani.
A Austral Líneas Aéreas já operava sob a influência da irmã maior desde 1990 quando ambas estiveram sob o controle do grupo Cielos del Sur e da Iberia, mas ainda mantinha uma infraestrutura própria, assim como um sindicato diferente. Durante o processo de fusão, a Aerolíneas fechou um acordo com tripulantes da Austral para que fossem integrados ao quadro da companhia aérea de bandeira argentina sob as mesmas condições trabalhistas.
Segundo a Aerolíneas Argentinas, o processo “do ponto de vista operacional, significa a unificação de áreas como manutenção, pilotos e tripulações, eliminando estruturas duplicadas existentes. Isso permitirá uma maior eficiência e uma redução considerável nos custos derivados”. A empresa, no entanto, não revelou se a fusão provocará demissões ao reduzir sua infraestrutura.
Austral Líneas Aéreas: asas da Patagônia
A Austral Líneas Aéreas surgiu em 1957 como Austral CATASACI a fim de oferecer serviços aéreos na região da Patagônia, no extremo sul da Argentina, daí o conhecido nome.
Com gestão privada e investimentos diversos, incluindo da Pan Am, a Austral foi a única companhia aérea desse período a sobreviver. Em 1971, a empresa adotou o nome Austral Líneas Aéreas ao se unir à Aerotransportes Litoral Argentino (ALA), operando com jatos BAC One-Eleven e turboélices japoneses NAMC YS-11, conhecidos no Brasil como “Samurai”.
No entanto, em 1980, durante a ditadura militar, a Austral acabou estatizada de forma polêmica. A gestão estatal durou até 1987 quando o governo Alfonsín a privatizou, em licitação vencida pelo Cielos del Sur.
Em 2001, quase falidas, Aerolíneas e Austral acabaram sendo compradas pelo grupo Marsans, mas sete anos depois o governo de Cristina Kirchner as reestatizou. A frota da companhia menor foi trocada de jatos MD-80 pelos modelos da Embraer, na maior encomenda de aviões novos no país desde 1975.
Os 28 jatos E190 agora serão repintados para exibir as cores da Aerolíneas nos próximos anos, mantendo a marca Austral viva ao menos em algumas fuselagens.
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