A Aerocivil, autoridade de aviação civil da Colômbia, se opôs ao plano de fusão das companhias aéreas Avianca e Viva Air em decisão divulgada na terça-feira, 8 de novembro.
A entidade alegou que a união das duas empresas provocaria uma grande concentração de mercado que poderia tornar as viagens aéreas na Colômbia mais difíceis para os passageiros por conta da falta de concorrência.
“A AEROCIVIL tem a obrigação de se opor a operações de integração que possam afetar a concorrência no mercado, criar ou fortalecer posições dominantes e prejudicar os consumidores”, disse a agência em nota.
Segundo ela, se a Avianca e a Viva Air se integrassem, as empresas teriam 59 rotas nacionais onde circulam 93,7% do tráfego de passageiros. Em 16 dessas rotas, as duas transportadoras teriam 100% de participação, revelou a Aerocivil, que aponta um retrocesso de sete anos na livre concorrência do setor.
Situação financeira grave
A Aerocivil recebeu o pedido de integração das duas empresa em 8 de agosto, um dia após a posse do novo presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Preto.
As duas companhias aéreas haviam anunciado o plano de fusão em 29 de abril, porém, não oficializaram a análise junto a Aerocivil nos três meses seguintes por razões não explicadas.
Na época do anúncio, Avianca e Viva Air não mencionaram qualquer dificuldade financeira da parceira de baixo custo. Em vez disso, Roberto Kriete, principal acionista da Avianca e presidente do Conselho de Administração, chamou a associação de “robusto grupo de companhias aéreas”, que ofereceria tarifas mais baixas e uma rede de rotas com mais conexões diretas, entre outros.
Já no início de agosto, o discurso passou a ser outro. Adrian Neuhauser, presidente e CEO da Avianca, pintou um quadro grave sobre a Viva Air: “O pedido de integração com a Viva busca lutar pela sua sobrevivência no mercado, bem como manter a competitividade que construiu durante 10 anos de operação”.
A justificativa é que a situação financeira da Viva Air, uma low-cost fundada em 2012 com a participação de Declan Ryan, filho do fundador da Ryanair, havia se deteriorado nos últimos meses.
Por conta disso, elas pediram uma análise urgente da Aerocivil, que reagiu afirmando que iria realizar um processo criterioso sobre a proposta de fusão.
O relatório de agência de aviação civil do país explica ainda que as empresas não conseguiram comprovar que a impossibilidade de fusão faria com que a Viva Air desaparecesse, causando prejuízos aos passageiros.
Segundo a Aerocivil, elas não comprovaram que “a crise econômica da Viva é de tal magnitude que afete sua viabilidade no mercado e, portanto, está condenada a sair mercado, iminente e inevitável”.
Entre os argumentos está o fato de a Viva não ter buscado empréstimos para cobrir seus prejuízos ou sondado potenciais compradores como fundos de investimento ou outras companhias aéreas. Por fim, a Aerocivil afirmou que a Avianca e a Viva não provaram que o prejuízo gerado pela fusão fosse menor que o da saída da empresa do mercado.
Avianca “preocupada”
Em nota, a Avianca afirmou que irá estudar alternativas legais disponíveis para obter as aprovações necessárias e se disse “preocupada” com a decisão da Aerocivil.
“Estamos preocupados com a decisão, pois ela vai contra as necessidades do país e ignora o efeito potencial que o desaparecimento da Viva teria sobre os usuários e o mercado. A Avianca reitera sua disposição de participar ativamente do resgate da Viva, procurando manter a conectividade para os viajantes, fortalecer o turismo e preservar o emprego formal”, afirmou Adrian Neuhauser.
Segundo a Avianca, as empresas de leasing dos aviões operados pela Viva estão com atraso em seus pagamentos.
A decisão da autoridade de aviação civil da Colômbia pode ter reflexos no projeto de formação de uma holding que colocará sob o mesmo chapéu a Gol Linhas Aéreas, a Avianca e, até então, a Viva. O grupo Abra foi anunciado em maio, mas com a intenção de manter a identidade comercial de cada marca.