O helicóptero que aterrorizou o Afeganistão sob comando da antiga URSS hoje é um dos responsáveis por manter a paz na porção brasileira da Floresta Amazônica. Operando na Força Aérea Brasileira (FAB) desde 2010, o Mil Mi-35, ou “AH-2 Sabre” na designação da FAB, é uma arma ainda recente no arsenal brasileiro. Antes dos modelos russos desembarcarem no Brasil, as opções das forças nacionais para ataques com helicópteros eram bastante limitadas, cabendo a adaptações em modelos que habitualmente cumprem missões de salvamento e vigilância. Agora o fogo é pesado!
Em 2008 a FAB assinou um contrato de compra com a Mil Moscow Helicopter Plant e pagou US$ 326 milhões na aquisição de 12 unidades do Mi-35, além de serviços de apoio logístico e um simulador de voo. O poderoso helicóptero russo foi o escolhido em um concurso que também envolveu os modelos Agusta A-129 Mangusta e o Eurocopter EC 665 Tiger.
Operado pelo Esquadrão Poti, baseado em Rondônia, os Sabres têm a missão de vigiar as fronteiras e combater o narcotráfico. O Mi-35 tem um imenso poder de fogo para ataque ao solo. A versão comprada pela FAB possui quatro pontos de fixação de armas e podem carregar mísseis guiados anti-tanque e casulos com foguetes de 80 mm. Além dessas armas, ele também pode carregar um canhão de 23 mm ou uma metralhadora de 7,62 mm.
A outra missão do Sabre é a de escolta de aeronaves de baixa performance, algo que novo helicóptero da FAB já teve de cumprir uma vez. Em 23 de maio de 2013, um radar localizou um avião desconhecido a 200 km de Porto Velho e em 10 minutos um Mi-35 estava no ar para conferir a ocorrência. O aparelho da FAB obteve contato visual com a aeronave intrusa e a acompanhou por 10 minutos até o piloto voltar para rota correta.
Mas se for preciso, os canhões e metralhadoras podem ser disparados para neutralizar a ameaça que vem do alto. Quem dúvida da capacidade de combate aéreo do Sabre pode encontrar registros de abates de helicópteros Cobra iranianos a tiros de canhão com modelos utilizados pelo exército do Iraque, na guerra entre os dois países entre 1980 e 1988. O Mi-35 também entrou em combate com forças do Peru, Nicarágua, Angola, Moçambique, Etiópia, Sri-Lanka e ex-URSS.
Maior do que os helicópteros de ataque atuais, o Mi-35 também possui uma cabine capaz de transportar até oito soldados armados. A “nave russa” tem um porte generoso. Segundo a ficha técnica, o helicóptero mede 17,5 metros de comprimento e 6,5 m de altura e pode decolar com um peso total de até 8.500 kg – sendo 2.500 kg em armamentos.
As quatros pás do rotor, que podem resistir a disparos de canhão de 20 mm, são movidas por duas turbinas Isotov TV-3 de 1.600 kw cada uma. A velocidade máxima do Mi-35 é de 340 km/h e ele pode carregar combustível para percorrer até 450 km ou 1.000 km carregando depósitos externos.
Os helicópteros russos preparados para a FAB têm comandos de voo de origem israelense, da Elbit, compatíveis com os equipamentos de solo e outros aviões da Aeronáutica. O Sabre também possui recursos de contra-medidas eletrônicas e lançadores de flares para enganar mísseis orientados por calor.
Com uma máquina dessas protegendo as fronteiras na Amazônia, narcotraficantes e outros invasores do território nacional, seja por terra ou ar, têm um sério motivo para se preocuparem.