O mercado de aviação comercial começou a dar sinais de que está atingindo o pico da crise causada pela pandemia da Covid-19. De acordo com dados atualizados da consultoria Cirium, um pouco mais de 60 aeronaves de passageiros foram armazenadas ontem, 15 de abril. É um número bem mais baixo que o registrado nas semanas anteriores, quando mais de 500 aviões eram estacionados todos os dias.
Segundo a consultoria, atualmente cerca de 17.000 aviões comerciais estão armazenados em 900 aeroportos em todo mundo. Esse volume de aeronaves paradas equivale a 64% de toda frota global. A análise da Cirium contabiliza jatos de passageiros de fuselagem larga (widebody) e estreita (narrowbody) e jatos regionais.
Os principais locais de armazenamento dos EUA – Roswell, Victorville e Marana – têm hoje combinados aproximadamente 800 aeronaves hospedadas. Já os aeroportos internacionais de Nova Delhi, Hong Kong e Istambul são alguns dos maiores “estacionamentos” de aviões neste momento de crise, cada um abrigando cerca de 200 aviões.
Maiores jatos de passageiros do mercado, o Boeing 747 e o Airbus A380 praticamente desapareceram dos céus nas últimas semanas. Na terça-feira, 14 de abril, a Cirium rastreou apenas cinco jatos ativos nessa categoria. Por outro lado, a consultoria detectou um leve alta na reativação de widebodies menores, como o Airbus A330 e A350 e os Boeing 777 e 787, o que pode indicar um aumento da demanda por transporte de carga nos porões dessas aeronaves.
Para os pesquisadores da Cirium, ainda há dúvidas significativas sobre quando as restrições de viagens impostas no mundo todo para controlar a pandemia serão atenuadas e, além disso, se a demanda de viajantes a negócios e lazer se recuperará rapidamente ou se levará muito mais tempo.
Portanto, muitas companhias aéreas precisam decidir por quanto tempo manterão seus aviões parados e os cuidados para mantê-los nesse período de crise. Quem não cuidar de suas aeronaves de forma apropriada pode acabar comprometendo sua capacidade de colocá-los em serviço rapidamente, quando eventualmente for necessário. Isso, porém, pode ser um custo que poucas empresas aéreas podem ter condições de pagar.
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O estudo aí poderá estar certo em achar que atingiu o pico, se até meados de Julho apareçam medicamentos que consigam pelo menos diminuir o número de óbitos e acelere a recuperação das pessoas internadas, pra que possam terminar o tratamento até em casa, desafogando os hospitais.
E também se as medidas de quarentena diminuir consideravelmente o número de casos circulando dentro do país a níveis seguros e controlados, como está ocorrendo na China, Coreia do Sul e aparentemente em curto prazo, na Áustria e Nova Zelândia; aí poderão voltar algumas rotas, com voos pontuais e com regras de saúde severas.
Vai ser algo lento e gradual, pra evitar “segunda onda” e “terceira onda” da doença, mesmo se tiver tratamento acessível e zerar as mortes.
A aviação só vai voltar a níveis pré-pandemia em 2022, mesmo se a vacina aparecer já no segundo semestre, pois muita empresa aérea vai ter que recomeçar quase que do zero ou pra ser viável a operação, fazer fusões de empresas até então concorrentes e antecipando a aposentadoria de aviões menos eficientes em consumo. Ou seja: poderá ser o fim repentino de certos modelos, como os 747 destinados a passageiros, alvez resistindo só como cargo, que nem os MD-11.