O fundador e CEO da Boom Technology, Blake Scholl, acredita que haverá um mercado para até 1.000 aviões supersônicos comerciais até 2035. De olho nessa demanda, a empresa, baseada em Denver, nos Estados Unidos, trabalha para entregar o primeiro jato supersônico de passageiros de nova geração até 2023.
Em discurso na conferência IATA Wings of Change, em Miami, Scholl disse que sua empresa garantiu mais US$ 33 milhões em abril, chegando a US$ 41 milhões, para investir no desenvolvimento do primeiro protótipo, apelidado como “Baby Boom”. O modelo servirá de base para a aeronave de tamanho normal, o Boom, que na versão completa poderá acomodar 55 passageiros.
O primeiro voo do Baby Boom está programado para 2018, ao passo que a aeronave no tamanho definitivo deve decolar em meados de 2020 e receber a certificação da FAA, a autoridade de aviação dos EUA, em 2023.
“Finalmente, o financiamento não é o problema”, disse Scholl, ao site Aviation Week. “US $ 41 milhões não é o suficiente para percorrer todo o caminho até a certificação, mas é o suficiente para construir o primeiro protótipo e provar que ele funciona.”
Ao contrário do Concorde, que foi uma aeronave extremamente dispendiosa para seus operadores, a Boom Technology pretende oferecer um avião supersônico rentável e acessível para os passageiros. “Você poderá cobrar (com o Boom) as mesmas tarifas cobradas pelas atuais classes executivas e obter as mesmas margens ou até melhores”, afirmou Scholl.
O valor do Boom é estimado em US$ 200 milhões e os custos de manutenção da estrutura da aeronave serão “muito semelhantes” ao de outros aviões construídos com fibra de carbono, como o Boeing 787, contou o CEO da Boom Technology. O executivo, porém, admitiu que os custos de mantenimentos dos motores do avião supersônico serão maiores, comparados aos usados em aviões comerciais convencionais.
“Toda a tecnologia que está sendo colocada no Boom está voando em outros aviões hoje e a FAA sabe como aprová-lo”, garantiu o CEO da companhia. Como explicou Scholl, os motores da aeronave serão uma espécie de turbofan de maior performance e não algo “exótico”. O Concorde, por exemplo, era impulsionado por motores turbojatos com pós-combustores.
Scholl ainda acrescentou que o novo jato supersônico pode ser viável em 500 rotas diárias em todo mundo e que o projeto está gerando interesse de companhias áreas. O Virgin Group, do bilionário britânico Richard Branson, já tem 10 unidades da aeronave encomendadas, e o fundador da Boom indicou que mais contratos podem ser anunciados até o final deste ano.
São Paulo – Miami em três horas
O Boom é projetado para voar a velocidade máxima de mach 2,2, o equivalente a 2.335 km/h, mais de duas vezes a velocidade do som. Nesse ritmo, como explica a empresa americana, será possível voar de Nova York a Londres em apenas três horas, ou entre São Paulo e Miami no mesmo tempo. Os voos transpacíficos, no entanto, vão exigir uma parada de reabastecimento, uma vez que a autonomia da aeronave será limitada a 7.200 km.
O CEO da Boom ainda afirmou que sua empresa não será capaz de atender todo o mercado de 1.000 aviões supersônicos em uma década. Diante disso, o executivo prevê que Airbus e Boeing poderão projetar suas próprias aeronaves comerciais capazes de voar na velocidade do som. “Eventualmente eles terão de fazer isso”, completou.
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