A Força Aérea Brasileira (FAB) comemora nesta quarta-feira, 22 de abril, os 75 anos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1° GAVCA), esquadrão conhecido pelo lema “Senta a Pua!”. Foi neste dia, em 1945, que o 1° GAVCA atingiu o auge de suas atuações durante a Segunda Guerra Mundial, quando realizou 44 surtidas, distribuídas em 11 missões.
O primeiro grupo de caça da FAB foi criado oficialmente no dia 18 de dezembro de 1943 pelo decreto-lei 6.123, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. Era o começo de uma aventura que em pouco tempo se transformou em combates ferozes nos céus da Itália, quando pilotos brasileiros enfrentaram a ameaça do nazi-fascismo com os poderosos caças P-47D Thunderbolt.
O comandante do 1° GAVCA na Segunda Guerra Mundial era o então Tenente Coronel Aviador Nero Mouro. O grupo era composto por 350 homens, incluindo 43 pilotos divididos em quatro esquadrilhas: Vermelha, Amarela, Azul e Verde.
A fase de treinamento do grupo foi realizada no Panamá. Em 11 de maio de 1944, o 1° GAVCA foi declarado operacional e passou para a defesa aérea da zona do Canal do Panamá, voando em caças P-40. Em 22 de junho daquele ano, o esquadrão viajou para os EUA, onde aprenderam a “domar” o P-47D. Três meses depois, os caçadores brasileiros partiram para a Itália, onde integraram o 350th Fighter Group da USAAF (a antiga Força Aérea do Exército dos Estados Unidos).
O “batismo de fogo” do grupo Senta a Pua! na Segunda Guerra Mundial aconteceu no dia 11 de novembro de 1944. Era um sábado, quando os caças do esquadrão decolaram de Tarquínia, na região central da Itália, para realizar voos de reconhecimento armado.
Dez dias depois, em 21 de novembro de 1944, as varreduras deram lugar às missões de interdição, com as aeronaves armadas com duas bombas de 227 kg. O grupo passou a fazer bombardeio picado contra alvos no Vale do Pó, cerca de 45 minutos de voo de Tarquínia. Até o final do mês de novembro, os brasileiros executaram 68 surtidas.
“Cada um dos nossos aviões P-47D possuía oito metralhadoras ColtBrowning M2 de calibre .50pol. Cada metralhadora era capaz de atingir uma cadência de 750 a 850 tiros por minuto. Disparadas simultaneamente, o concentrado poder de fogo que elas apresentavam despedaçava praticamente qualquer tipo de alvo que pudéssemos encontrar, até mesmo veículos blindados”, relembram os então Tenentes-Aviadores Rui Barbosa Moreira Lima e José Rebelo Meira de Vasconcelos, em depoimentos no livro Heróis dos Céus – a Iconografia do 1º Grupo de Aviação de Caça na Campanha da Itália 1944-1945.
No início de dezembro de 1944, os brasileiros passaram a operar a partir da cidade de Pisa, também localizada na região central da Itália e a apenas 50 km da linha de frente. O 1° GAVCA executava, diariamente, missões de ataque contra pontes ferroviárias e rodoviárias, trechos de linhas férreas e estradas de rodagem, depósitos de combustível e de munição, e edificações ocupadas por forças inimigas.
Para reforçar sua capacidade de destruição, a partir de fevereiro de 1945, as aeronaves do 1º GAVCA foram progressivamente modificadas para receberem o sistema de lançamento de foguetes M10, composto de três tubos, cada um capaz de lançar um foguete M8A2 de quatro polegadas e meia.
Ao final da guerra, em maio de 1945, os militares da FAB haviam realizado 445 missões, com um total de 2.546 saídas de aviões e de 5.465 horas de voo. Foram destruídas 1.304 viaturas motorizadas, 13 locomotivas, 250 vagões de estradas de ferro, oito carros blindados, 25 pontes de estrada de ferro e de rodagem e 31 depósitos de combustível e de munição, entre outros alvos.
Entre os 48 pilotos de caça da FAB que participaram da guerra, houve um total de 22 perdas: cinco dos pilotos foram mortos por fogo antiaéreo, oito tiveram seus aviões derrubados e saltaram sobre território inimigo, seis tiveram que desistir de operações de voo por ordens médicas e três morreram em acidentes de voo.
Ópera do Danilo
Uma história que marcou a participação do Brasil na guerra foi a do então Tenente Danilo Moura. No dia 4 de fevereiro de 1945, após ter seu P-47D Thunderbolt abatido pela artilharia antiaérea inimiga na Itália, o Tenente Danilo percorreu uma jornada de 386 quilômetros, caminhando durante 24 dias. Passando despercebido pelas forças do Eixo e contando com a ajuda da população italiana, ele conseguiu chegar à Base aliada em Pisa, 19 quilos mais magro. A história da fuga deu origem à Ópera do Danilo, que todo ano é encenada no Dia da Aviação de Caça.
Evolução da Aviação de Caça
Durante os 75 anos posteriores ao fim da guerra, a FAB operou diversas aeronaves de caça, como o Gloster Meteor, primeira aeronave a jato a voar na FAB; o Lockheed F-80; o Cessna T-37; o Dassault Mirage III; o Embraer AT-26 Xavante e o Mirage 2000.
Atualmente, a Força Aérea conta com Esquadrões de Aviação de Caça, localizados nas diversas regiões do país, que operam as aeronaves F-5M, A-1M e A-29.
Além do 1° Grupo de Aviação de Caça, que opera a aeronave F-5M da Ala 12, no Rio de Janeiro, também, operam o F-5M os Esquadrões Pacau (1°/4° GAV), Pampa (1°/14° GAV) e Jaguar (1° GDA). Já os Esquadrões Joker (2°/5° GAV), Escorpião (1°/3° GAV), Grifo (2°/3° GAV) e Flecha (3°/3° GAV) operam a aeronave A-29. E os Esquadrões Poker (1°/10° GAV) e Centauro (3°/10° GAV) o A-1M.
A partir de 2021, a previsão é que a FAB inicie a operação com o novos caças Saab Gripen E/F, que por aqui vão receber a designação F-39. No segundo semestre deste ano, a aeronave virá ao Brasil para dar continuidade à campanha de ensaios em voo por aqui.