A existência do avião-espião SR-72 já foi reconhecida pela Lockheed Martin no ano passado e até mesmo um protótipo em escala menor teria sido avistado em outubro nas instalações da Skunk Works, a divisão responsável por projetos secretos. Uma declaração do vice-presidente de Estratégia, Jack O’Banion, porém, deixou no ar a hipótese de que o avançado jato hipersônico já está em serviço nos Estados Unidos.
Em palestra no fórum sobre tecnologia no Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica, O’Banion comentava como a Lockheed lidou com a ruptura digital ao desenvolver novos aviões quando disse o seguinte: “Sem a transformação digital, as aeronaves que você vê (com três projeções de aeronaves incluindo o SR-72) não poderiam ter sido feitas. De fato, cinco anos atrás, não poderiam ter sido feitas“.
A declaração foi o bastante para que jornalistas especializados nos EUA entendessem que o SR-72 já está operacional e não em testes iniciais, como a fabricante deu a entender em recentes entrevistas. O site americano Jalopnik, que tem uma página sobre aviação, questionou a Lockheed Martin a respeito e obteve apenas uma resposta padrão: “A Lockheed Martin continua a avançar e testar tecnologias que irão beneficiar o voo hipersônico. Um Sistema Hipersônico Reutilizável (RHS) é uma solução de longo prazo que será possível pelo trabalho de busca de caminho que estamos fazendo hoje”.
Mais de 7.400 km/h
É óbvio que as palavras de O’Banion podem ser interpretadas de várias formas, mas é comum que o estágio de desenvolvimento de aviões secretos está sempre à frente do que reconhecem os militares e as empresas envolvidas – sem falar em aviões que existem e são negados por eles. O que se acredita agora é que o SR-72 possa já estar na fase avançada de testes senão no início da carreira operacional. A apresentação do executivo, inclusive, enfatiza o aspecto digital porque graças aos recursos técnicos existentes hoje é possível resolver problemas que afetaram projetos antigos com o mesmo objetivo – basta lembrar há quanto tempo se comenta sobre o “Aurora”, o suposto avião-espião que tomaria o lugar do SR-71, aposentado pela Força Aérea dos EUA em 1998.
Mas o SR-72 será (ou já é) mais que um sucessor do glorioso Blackbird. Ao contrário deste, o novo avião também será um vetor de armas capaz de lançar artefatos a velocidades de Mach 6 ou mais – algo como 7.400 km/h. O ponto central do projeto é o sistema de propulsão scramjet, que dispensa estágios de compressores e aproveita a velocidade e calor gerados em grande altitude para impulsionar a aeronave.
Outro diferencial do projeto é dar origem a duas versões, uma tripulada e outra não-tripulada, destinada a tarefas mais por assim dizer difíceis. Esta última seria a flagrada na “Planta 42”, uma base aérea da USAF que hospeda seus principais contratados como a Lockheed Martin. Escoltada por dois T-38, a aeronave misteriosa foi vista pousando nas primeiras horas de uma manhã de julho de 2017.
Quem sabe o próximo avistamento do SR-72 já se torne um evento oficial.
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Acho estranho um avião hipersônico nestes tempos levando um piloto… O peso dos equipamentos ergonômicos e do próprio corpo humano poderiam ser dispensados para dar maior autonomia…. Imaginar um avião deste chegando em qualquer parte de meio planeta em 40 minutos é muito interessante… Eu pensaria num avião transportador hipersônico que, quando próximo do alvo, lançaria um ou dois drones de vigilância e ataque e faria o elemento-mãe só “passar reto” depois de deixar seus “filhos”… É mundo novo esse negócio de Mach 6, isto é, se for tangível para fuselagens tão grandes quanto à proposta deste SR-72…