Por pouco o recorde de voo mais longo da história, que já dura 63 anos, não foi batido pelo avião movido a energia solar Zephyr, da Airbus. No último dia 19, a aeronave sofreu um acidente no Arizona (EUA), após permanecer 64 dias seguidos no ar.
Desse modo, a marca histórica segue sendo a do pequeno Cessna 172 Skyhawk, pilotado por Bob Timm e John Cook em 1958, que conseguiu ficar 64 dias e 22 horas voando sem parar. E aterrissando perfeitamente.
O voo do Zephyr começou em 15 de junho e teria durado 64 dias e 18 horas, mas a Airbus não confimou o tempo total. Mesmo assim, para ser considerado um voo bem sucedido, a aeronave precisaria ter pousado em segurança.
A Airbus não informou o que causou a falha no Zephyr, mas disse que equipe está atualmente a analisar mais de 1.500 horas de voo. Embora não tenha dado detalhes do acidente, dados de voo mostram que a queda foi repentina e a aeronave deve ter sofrido danos irreparáveis.
O que é o Zephyr?
Aeronaves como o Zephyr, movidas a energia solar e capazes de alcançar altitudes elevadas, são tidos como uma das tendências da indústria aeroespacial e são sugeridos como “satélites atmosféricos”, podendo desempenhar atividades militares ou comerciais, como oferecer redes de telecomunicações e monitorar desmatamento.
O Zephyr tem envergadura de 25 metros e pesa apenas 75 kg. Durante o dia, os motores elétricos são movidos a energia solar e à noite usam baterias reabastecidas durante o dia para permanecer no ar.
Em seu primeiro voo, o Zephyr bateu recorde de voo mais longo de aeronave não tripulada, com 25 dias, 23 horas e 57 minutos. A marca anterior de 2010, que também pertencia à Airbus, era do avião solar QinetiQ Zephyr 7, que voou por 14 dias seguidos.
Hacienda Hotel: O voo mais longo da história
Os pilotos americanos Bob Timm e John Cook fizeram o impensável em 1958 nos céus da Califórnia e Nevada, nos Estados Unidos. Bob Timm trabalhava no Hacienda Resort Hotel and Casino consertando máquinas de caça níquel e nas folgas aproveitava seu tempo livre para voar com pequenos aviões.
Argumentando que um recorde de voo mais longo traria muita publicidade ao hotel, Bob conseguiu convencer seus chefes a patrocinar o voo. O Hacienda Hotel cedeu US$ 100 mil, que foram usados para comprar um Cessna 172 Skyhawk relativamente novo e modificá-lo.
O interior do avião foi completamente modificado e transformado em uma espécie de casa com asas para encarar o “voo sem fim”. O “banheiro” era um pequeno espaço atrás da posição do comandante, com uma pia.
Duas vezes por dia, o avião batizado de Hacienda Hotel descia até um ponto de encontro por uma estrada no deserto e recebia combustível de um caminhão em alta velocidade.
Os pilotos passaram o Natal no avião, ocasião que Timm deu uma de papai-noel e lançou doces com paraquedas para seus dois filhos durante umas das passagens de reabastecimento.
Nos últimos dias do voo, o motor do Cessna, ligado a mais de 50 dias, começou a mostrar sinais de desgaste e foi perdendo potência. No total, o Hacienda hotel percorreu cerca de 240 mil km, o equivalente a quase seis voltas ao redor da Terra.