Há duas décadas, a TAM chegou a usar um pequeno avião em algumas rotas regionais no Brasil. Turbo=Hélice, ele em tese não seria muito diferente dos Fokker ou Brasilias da época, mas era um monomotor, o Cessna Caravan. Este jornalista, então funcionário da companhia, presenciou passageiros que desistiam e voltavam para a sala de embarque após enxergar o aparelho que os levaria na viagem.
Nada mais injusto. O Caravan é um dos aviões mais seguros e versáteis do mercado, embora na época tenha sido uma ousadia da TAM em colocá-lo no serviço regional. Já na aviação geral e executiva, os monomotores turbo-hélices conquistaram ao longo desse tempo um espaço num segmento em que será difícil superá-los, até mesmo para os desejados jatos executivos.
“O monomotor é um avião mais econômico, com custos de operação menores, mas sem afetar a segurança”, explica José Eduardo Brandão, diretor geral da Synerjet, representante do modelo PC-12, da suíça Pilatus, e um dos mais sofisticados do mercado. “É verdade que no início da carreira do PC-12 tivemos uma certa dificuldade em convencer os clientes a comprar um monomotor, mas hoje isso é passado”, completa Brandão.
De fato, os monomotores modernos são aviões muito capazes e mesmo velozes. O modelo francês TBM 900, também presente na Labace, impressiona. Ele voa a mais de 600 km/h e pode ir de São Paulo a Bariloche, na Argentina, com folga e conforto, afinal é um avião pressurizado que atinge quase 10 mil metros de altitude.
Pouso em qualquer lugar
Brandão revela qual a maior vantagem desses monomotores: “A aviação comercial hoje opera em apenas 130 aeroportos no Brasil. Um avião como o PC-12, ao contrário, é capaz de pousar em cerca de 3,6 mil pistas no país”. Segundo ele, como operam em pistas mais curtas e despreparadas, aeronaves desse tipo são uma importante ferramenta para empresários com negócios espalhados por regiões distantes. “Temos muitos industriais e agricultores como clientes”, acrescenta.
Os motores turboélices têm a vantagem também de não sofrerem tanto com pistas com detritos e poeira e possuem também trens de pouso mais robustos e preparados para qualquer piso.
Mas, afinal, por que então não usam dois motores como o clássico King Air, da Beechcraft? O executivo da Synergy não demora a responder: “monomotores levam vantagem porque têm aerodinâmica melhor, por isso são mais velozes e silenciosos” garante. O PC-12 exposto na Labace, da nova geração, estreou uma nova hélice Hartzell de cinco pás que reduziu o espaço de decolagem em quase 15 metros – além disso, o voo ficou mais suave pela redução da vibração, segundo a Pilatus.
Pau para toda obra
Não é à toa que mais fabricantes disputam esse cliente. No Brasil, a americana Piper oferece uma linha de monomotores turbo-hélices que inclui modelos como o M600, um avião pressurizado para até seis pessoas e capaz de atingir mais de 500 km/h. Ele é um dos mais acessíveis monomotores, com preço no exterior cotado a partir de US$ 2,8 milhões (pouco mais de 9 milhões de reais).
É um tanque voador, literalmente, com trem de pouso fixo e um perfil de voo extremamente dócil e seguro. Se soubesse de tudo isso na época, o passageiro receoso do início do texto talvez tivesse embarcado no modelo sem pestanejar.
Modelo | Pilatus PC-12 NG | Daher TBM-900 | Piper M600 | Cessna G. Caravan EX |
Comprimento | 14,4 m | 10,7 m | 8,9 m | 12,7 m |
Envergadura | 16,3 m | 12,8 m | 13,2 m | 15,3 m |
Peso de decolagem | 4.740 kg | 3.354 kg | 2.721 kg | 3.995 kg |
Distância de decolagem | 793 m | 726 m | 803 m | 658 m |
Distância de pouso | 661 m | 741 m | 810 m | 570 m |
Velocidade de cruzeiro | 528 km/h | 611 km/h | 507 km/h | 395 km/h |
Teto de serviço | 9.144 m | 9.450 m | 9.144 m | 7.620 m |
Autonomia | 3.417 km | 3.304 km | 2.748 km | 1.785 km |
Motor | PT6-A | PT6-A | PT6-A | PT6-A |
Potência | 1.200 shp | 850 shp | 600 shp | 867 shp |
Passageiros | 9 | 6 | 6 | 14 |
Preço | US$ 4.055.000 | US$ 3.650.000 | US$ 2.820.000 | US$ 2.300.000 |
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Os brasileiros se enche de orgulho para falarem que o país tem dimensões continentais, coisa que ninguém duvida, mas este mesmo gigante adormecido não possui linhas aéreas regionais. Imaginem que para fazer um trajeto BH/Patos de Minas os modernos ônibus consomem cerca de sete horas para vencerem um miserável trecho de 400 quilômetros. Ai chega o governo petista de Fernando Pimentel a fazer a propaganda de viagens aéreas usando exatamente o tal Caravan da Cessna, mas o preço do trecho é estupidamente caro e pode atender somente os privilegiados usurpadores de dinheiro público.
Parabéns pela matéria tem muita gente que gosta deste assunto
Waldesnei Bodani Kempe