Aviões a hélice, mas com sofisticação

Em um mundo dominado pelos jatos executivos, os turbo-hélices monomotores também têm seu lugar ao sol
Pilatus PC-12 (Ricardo Meier)
Pilatus PC-12 (Ricardo Meier)
Pilatus PC-12: monomotores têm público fiel
Pilatus PC-12: monomotores têm público fiel no Brasil (Divulgação)

Há duas décadas, a TAM chegou a usar um pequeno avião em algumas rotas regionais no Brasil. Turbo=Hélice, ele em tese não seria muito diferente dos Fokker ou Brasilias da época, mas era um monomotor, o Cessna Caravan. Este jornalista, então funcionário da companhia, presenciou passageiros que desistiam e voltavam para a sala de embarque após enxergar o aparelho que os levaria na viagem.

Nada mais injusto. O Caravan é um dos aviões mais seguros e versáteis do mercado, embora na época tenha sido uma ousadia da TAM em colocá-lo no serviço regional. Já na aviação geral e executiva, os monomotores turbo-hélices conquistaram ao longo desse tempo um espaço num segmento em que será difícil superá-los, até mesmo para os desejados jatos executivos.

“O monomotor é um avião mais econômico, com custos de operação menores, mas sem afetar a segurança”, explica José Eduardo Brandão, diretor geral da Synerjet, representante do modelo PC-12, da suíça Pilatus, e um dos mais sofisticados do mercado. “É verdade que no início da carreira do PC-12 tivemos uma certa dificuldade em convencer os clientes a comprar um monomotor, mas hoje isso é passado”, completa Brandão.

De fato, os monomotores modernos são aviões muito capazes e mesmo velozes. O modelo francês TBM 900, também presente na Labace, impressiona. Ele voa a mais de 600 km/h e pode ir de São Paulo a Bariloche, na Argentina, com folga e conforto, afinal é um avião pressurizado que atinge quase 10 mil metros de altitude.

TBM 900: quase um jato com hélices
TBM 900: quase um jato com hélices (Divulgação)

Pouso em qualquer lugar

Brandão revela qual a maior vantagem desses monomotores: “A aviação comercial hoje opera em apenas 130 aeroportos no Brasil. Um avião como o PC-12, ao contrário, é capaz de pousar em cerca de 3,6 mil pistas no país”. Segundo ele, como operam em pistas mais curtas e despreparadas, aeronaves desse tipo são uma importante ferramenta para empresários com negócios espalhados por regiões distantes. “Temos muitos industriais e agricultores como clientes”, acrescenta.

Os motores turboélices têm a vantagem também de não sofrerem tanto com pistas com detritos e poeira e possuem também trens de pouso mais robustos e preparados para qualquer piso.

Mas, afinal, por que então não usam dois motores como o clássico King Air, da Beechcraft? O executivo da Synergy não demora a responder: “monomotores levam vantagem porque têm aerodinâmica melhor, por isso são mais velozes e silenciosos” garante. O PC-12 exposto na Labace, da nova geração, estreou uma nova hélice Hartzell de cinco pás que reduziu o espaço de decolagem em quase 15 metros – além disso, o voo ficou mais suave pela redução da vibração, segundo a Pilatus.

Pau para toda obra

Não é à toa que mais fabricantes disputam esse cliente. No Brasil, a americana Piper oferece uma linha de monomotores turbo-hélices que inclui modelos como o M600, um avião pressurizado para até seis pessoas e capaz de atingir mais de 500 km/h. Ele é um dos mais acessíveis monomotores, com preço no exterior cotado a partir de US$ 2,8 milhões (pouco mais de 9 milhões de reais).

E quanto ao Caravan, que assustava alguns passageiros na década de 90? O modelo da Cessna segue no mercado, mais aprimorado e capaz e com uma proposta única, de servir tanto para passageiros quanto carga. A versão EX, presente na feira, decola com quase 4 toneladas, pousa em pistas com menos de 570 metros e pode levar até 14 pessoas além de bagagem no compartimento externo.

É um tanque voador, literalmente, com trem de pouso fixo e um perfil de voo extremamente dócil e seguro. Se soubesse de tudo isso na época, o passageiro receoso do início do texto talvez tivesse embarcado no modelo sem pestanejar.

Modelo Pilatus PC-12 NG Daher TBM-900 Piper M600 Cessna G. Caravan EX
Comprimento 14,4 m 10,7 m 8,9 m 12,7 m
Envergadura 16,3 m 12,8 m 13,2 m 15,3 m
Peso de decolagem 4.740 kg 3.354 kg 2.721 kg 3.995 kg
Distância de decolagem 793 m 726 m 803 m 658 m
Distância de pouso 661 m 741 m 810 m 570 m
Velocidade de cruzeiro 528 km/h 611 km/h 507 km/h 395 km/h
Teto de serviço 9.144 m 9.450 m 9.144 m 7.620 m
Autonomia 3.417 km 3.304 km 2.748 km 1.785 km
Motor PT6-A PT6-A PT6-A PT6-A
Potência 1.200 shp 850 shp 600 shp 867 shp
Passageiros 9 6 6 14
Preço US$ 4.055.000 US$ 3.650.000 US$ 2.820.000 US$ 2.300.000

Veja mais: Bell apresenta três novos helicópteros na Labace 2016

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  1. Os brasileiros se enche de orgulho para falarem que o país tem dimensões continentais, coisa que ninguém duvida, mas este mesmo gigante adormecido não possui linhas aéreas regionais. Imaginem que para fazer um trajeto BH/Patos de Minas os modernos ônibus consomem cerca de sete horas para vencerem um miserável trecho de 400 quilômetros. Ai chega o governo petista de Fernando Pimentel a fazer a propaganda de viagens aéreas usando exatamente o tal Caravan da Cessna, mas o preço do trecho é estupidamente caro e pode atender somente os privilegiados usurpadores de dinheiro público.

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