Desde a aposentadoria do Concorde, em novembro de 2003, a aviação civil está órfã de um avião supersônico. Nesses 12 anos, apenas aviões de uso militar ultrapassam a barreira do som e, assim, encurtam distâncias. Um panorama muito diferente do que a indústria aeroespacial imaginava uma década atrás. Naquela época, viajar a várias vezes a velocidade do som era uma questão de tempo, literalmente.
Os altos custos envolvidos no projeto e operação de aviões capazes de atravessar os continentes em questão de minutos acabaram inviabilizando qualquer tentativa de lançamento de um aparelho assim. Mas se depender da imaginação de vários engenheiros e projetistas, essa situação deve mudar num futuro não tão distante. Nunca se viu tantas ideias de jatos supersônicos de uso civil surgirem como nos últimos anos. A mais recente delas soa como pura ficção científica: o Antipode (antípoda significa o que vive num lugar diametralmente oposto a outro como os japoneses para os brasileiros), criado por Charles Bombardier, neto do fundador da gigante canadense e rival da Embraer, será capaz de voar a inacreditáveis 26 mil km por hora. Segundo seu criador, ele servirá como aeronave para altos executivos e militares que precisam se deslocar de um lado ao outro do planeta em questão de poucos minutos.
Uma coisa, no entanto, é praticamente certa: o próximo avião civil supersônico não será usado por uma companhia aérea, mas sim por executivos bilionários e empresas que precisam de um veículo extremamente veloz para que seus gestores possam rodar o mundo de forma mais rápida do que hoje. Conheça alguns desses projetos a seguir.
Antipode
Supersônico, que nada. O projeto de Charles Bombardier é muito mais ambicioso. Depois de desenhar o Skreemer, um jato executivo capaz em teoria de chegar a Mach 10 (Dez vezes a velocidade do som), o canadense ganhou a ajuda de um expert em aerodinâmica para desenvolver um avião ainda mais veloz. O Antipode será capaz de voar a cerca de 26 mil km por hora, velocidade suficiente para ir de São Paulo a Nova York em menos de 20 minutos.
Para chegar a essa incrível velocidade, o Antipode decola como um avião comum, porém, utilizando foguetes reusáveis. Com eles, o jato chega a 40 mil pés (12 km de altura) e acelera até Mach 5. A partir daí o Antipoda acionaria seus motores do tipo ‘ramjet’, que trabalham com fluxos de ar extremamente velozes, para chegar a Mach 24. Claro que a ideia é interessante na teoria, mas complexa de ser transformada em realidade, mesmo para o neto de uma empresa tão grande como a Bombardier.
Aerion AS2
Ao que tudo indica, o Aerion AS2 será o próximo avião supersônico comercial a voar após a aposentadoria do Concorde. A Flexjet LCC, empresa norte-americana que vende e aluga jatos executivos, já pagou US$ 2,4 bilhões para adquirir 20 unidades da aeronave que está sendo desenvolvida pela Aerion Corporation, baseada nos Estados Unidos. As primeiras entregas estão programadas para 2023.
Segundo informações preliminares, o Aerion AS2 poderá alcançar a velocidade máxima de mach 1,5 (cerca de 1.850 km/h) e terá autonomia de 8.800 km. Com essa performance, a aeronave poderá cruzar o Oceano Atlântico em três horas ou realizar a travessia pelo Pacífico em seis horas. O projeto prevê capacidade para até 12 passageiros.
Hypermach Sonic Star
Outro avião comercial supersônico em desenvolvimento é o Sonic Star, da também norte-americana Hypermach Aerospace Industries. No entanto, por ser ousado demais, o projeto ainda não tem interessados. A empresa propõe um aeronave capaz de alcançar mach 4,4 (4.676 km/h) e equipada com motorização híbrida com jatos e motores elétricos.
A cabide do Sonic Star foi elaborada para transportar de 24 a 32 passageiros e seu preço é sugerido em US$ 220 milhões. Apesar da incrível performance, a empresa é otimista e espera levantar voo com seu avião até 2023. Será que eles conseguem?
Super Airbus
Em 2015, a Airbus patenteou um projeto que pode levar a aviação comercial a velocidades assustadoras. No entanto, para idealizá-lo ainda é preciso inventar seus motores, ao menos parte deles…
Segundo a patente, um avião equipado com três tipos de motores poderia alcançar 5.500 km/h, o que pode permitir, por exemplo, voar de São Paulo até Miami, nos EUA, em apenas uma hora.
Para alcançar esse desempenho o super avião da Airbus precisa de motores a jato, foguetes e ramjets, um novo tipo de motor a jato de alta performance que está em desenvolvimento. Além disso, o projeto prevê asas móveis para atuar em baixas e altas altitudes.
A ideia da Airbus, porém, não tem data para sair do papel e decolar. Se isso de fato acontecer, assim como os outros projetos que vêm sendo apresentados nos últimos anos.
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