Aviões supersônicos se multiplicam…no papel

Vários projetos recentes vislumbram atravessar os oceanos em poucos minutos e encurtar o tempo das viagens em até 90%, mas na prática nenhum deles fará isso antes do fim da década
Jato hipersônico Antipode: projeto propõe aeronave capaz de voar a 26.000 km/h (Divulgação)
Jato hipersônico Antipode: projeto propõe aeronave capaz de voar a 26.000 km/h (Divulgação)
Jato hipersônico Antipode: projeto propõe aeronave capaz de voar a 26.000 km/h (Divulgação)
Jato hipersônico Antipode: projeto propõe aeronave capaz de voar a 26.000 km/h (Divulgação)

Desde a aposentadoria do Concorde, em novembro de 2003, a aviação civil está órfã de um avião supersônico. Nesses 12 anos, apenas aviões de uso militar ultrapassam a barreira do som e, assim, encurtam distâncias. Um panorama muito diferente do que a indústria aeroespacial imaginava uma década atrás. Naquela época, viajar a várias vezes a velocidade do som era uma questão de tempo, literalmente.

Os altos custos envolvidos no projeto e operação de aviões capazes de atravessar os continentes em questão de minutos acabaram inviabilizando qualquer tentativa de lançamento de um aparelho assim. Mas se depender da imaginação de vários engenheiros e projetistas, essa situação deve mudar num futuro não tão distante. Nunca se viu tantas ideias de jatos supersônicos de uso civil surgirem como nos últimos anos. A mais recente delas soa como pura ficção científica: o Antipode (antípoda significa o que vive num lugar diametralmente oposto a outro como os japoneses para os brasileiros), criado por Charles Bombardier, neto do fundador da gigante canadense e rival da Embraer, será capaz de voar a inacreditáveis 26 mil km por hora. Segundo seu criador, ele servirá como aeronave para altos executivos e militares que precisam se deslocar de um lado ao outro do planeta em questão de poucos minutos.

Uma coisa, no entanto, é praticamente certa: o próximo avião civil supersônico não será usado por uma companhia aérea, mas sim por executivos bilionários e empresas que precisam de um veículo extremamente veloz para que seus gestores possam rodar o mundo de forma mais rápida do que hoje. Conheça alguns desses projetos a seguir.

Antipode

Supersônico, que nada. O projeto de Charles Bombardier é muito mais ambicioso. Depois de desenhar o Skreemer, um jato executivo capaz em teoria de chegar a Mach 10 (Dez vezes a velocidade do som), o canadense ganhou a ajuda de um expert em aerodinâmica para desenvolver um avião ainda mais veloz. O Antipode será capaz de voar a cerca de 26 mil km por hora, velocidade suficiente para ir de São Paulo a Nova York em menos de 20 minutos.

Para chegar a essa incrível velocidade, o Antipode decola como um avião comum, porém, utilizando foguetes reusáveis. Com eles, o jato chega a 40 mil pés (12 km de altura) e acelera até Mach 5. A partir daí o Antipoda acionaria seus motores do tipo ‘ramjet’, que trabalham com fluxos de ar extremamente velozes, para chegar a Mach 24. Claro que a ideia é interessante na teoria, mas complexa de ser transformada em realidade, mesmo para o neto de uma empresa tão grande como a Bombardier.

Aerion AS2

Ao que tudo indica, o Aerion AS2 será o próximo avião supersônico comercial a voar após a aposentadoria do Concorde. A Flexjet LCC, empresa norte-americana que vende e aluga jatos executivos, já pagou US$ 2,4 bilhões para adquirir 20 unidades da aeronave que está sendo desenvolvida pela Aerion Corporation, baseada nos Estados Unidos. As primeiras entregas estão programadas para 2023.

O jato AS2 deve marcar a retomada dos voos supersônico na aviação comercial (Aerion)
O jato AS2 deve marcar a retomada dos voos supersônico na aviação comercial (Aerion)

Segundo informações preliminares, o Aerion AS2 poderá alcançar a velocidade máxima de mach 1,5 (cerca de 1.850 km/h) e terá autonomia de 8.800 km. Com essa performance, a aeronave poderá cruzar o Oceano Atlântico em três horas ou realizar a travessia pelo Pacífico em seis horas. O projeto prevê capacidade para até 12 passageiros.

Hypermach Sonic Star

Outro avião comercial supersônico em desenvolvimento é o Sonic Star, da também norte-americana Hypermach Aerospace Industries. No entanto, por ser ousado demais, o projeto ainda não tem interessados. A empresa propõe um aeronave capaz de alcançar mach 4,4 (4.676 km/h) e equipada com motorização híbrida com jatos e motores elétricos.

Os próximos aviões comerciais supersônicos terão um design bem diferente das aeronaves atuais (Hypermach Aerospace Industries)
Os próximos aviões comerciais supersônicos terão um design bem diferente (Hypermach Aerospace Industries)

A cabide do Sonic Star foi elaborada para transportar de 24 a 32 passageiros e seu preço é sugerido em US$ 220 milhões. Apesar da incrível performance, a empresa é otimista e espera levantar voo com seu avião até 2023. Será que eles conseguem?

Super Airbus

Em 2015, a Airbus patenteou um projeto que pode levar a aviação comercial a velocidades assustadoras. No entanto, para idealizá-lo ainda é preciso inventar seus motores, ao menos parte deles…

Segundo a patente, um avião equipado com três tipos de motores poderia alcançar 5.500 km/h, o que pode permitir, por exemplo, voar de São Paulo até Miami, nos EUA, em apenas uma hora.

Para voar a mais de 5.000 km/h, a Airbus quer projetar um avião com três tipos de motores (Patent Yogi)
Para voar a mais de 5.000 km/h, a Airbus quer projetar um avião com três tipos de motores (Patent Yogi)

Para alcançar esse desempenho o super avião da Airbus precisa de motores a jato, foguetes e ramjets, um novo tipo de motor a jato de alta performance que está em desenvolvimento. Além disso, o projeto prevê asas móveis para atuar em baixas e altas altitudes.

A ideia da Airbus, porém, não tem data para sair do papel e decolar. Se isso de fato acontecer, assim como os outros projetos que vêm sendo apresentados nos últimos anos.

Veja mais: Aviação executiva se prepara para entrar na era supersônica

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