Operador de lançamento do E195-E2 da Embraer, a Azul realizou nessa quarta-feira (17) a primeira viagem de demonstração com a aeronave levando passageiros entre os aeroportos de Viracopos (Campinas) e Brasília (DF). Os voos comerciais regulares com o novo jato serão iniciados no final deste mês, informou a companhia.
Segundo John Rodgerson, presidente da Azul, a empresa escolheu voar com o E2 para Brasília com o objetivo de apresentar o jato às principais autoridades do Brasil. “Essa aeronave tem muitos valores que acreditamos ser os mesmos valores do governo atual. Somos a única companhia aérea do Brasil que voa com aviões brasileiros. Isso nos orgulha muito”, disse o executivo.
O presidente da República Jair Bolsonaro era esperado na apresentação, mas acabou não comparecendo e foi representado na ocasião por Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil. Tarcísio Gomes de Freitas, ministro de Infraestrutura, também participou do evento.
“A Embraer é um exemplo de quando o estado recua e deixa a sociedade avançar. Nossa missão é transformar o Brasil em referência”, afirmou Onyx. Já o ministro Tarcísio parabenizou a Azul pela aquisição dos novos aviões da Embraer e se mostrou otimista com mercado brasileiro de aviação comercial. “Parabéns a Azul por apostar no Brasil. Estamos contagiados com as mudanças que estão acontecendo no País. Vamos nos preparar para comportar o avanço da Azul”.
O E195-E2 é o maior avião comercial já desenvolvido pela Embraer em seus 50 anos de história. A aeronave com 41,5 metros de comprimento e capaz de decolar com peso máximo de 61.500 kg pode embarcar até 146 passageiros, 22 ocupantes a mais que o modelo primeira geração. Além de mais espaço na cabine, outro grande trunfo da aeronave é o consumo de combustível reduzido em cerca de 15% (ou de 25,4% por assento, no caso do E195-E2 da Azul) em relação ao E195-E1.
O presidente da Azul afirmou que o jato de nova geração da Embraer vai ajudar a companhia a crescer nos próximos anos. “O E195-E2 permite abrir rotas que não são rentáveis com o modelo da primeira geração, como voos para o Acre. Planejamos abrir mais cinco rotas em 2020 e daqui cinco anos vamos atender 150 cidades no Brasil”, disse Rodgerson. A Azul é atualmente a companhia aérea que atende mais destinos no País, presente em 105 aeroportos.
“Vamos receber mais cinco E195-E2 até o final deste ano, sendo dois deles com pinturas especiais, um rosa e outro com a imagem da bandeira do Brasil. Em 2020, vamos receber mais 20 unidades”, acrescentou Rodgerson. A companhia planeja substituir todos os modelos E1 de sua frota até 2022. Hoje a empresa opera seis modelos E190 e 51 E195.
“Eu, como presidente da empresa, acredito que há espaço para adquirirmos mais unidades do E2 nos próximos anos. É uma aeronave muito econômica e extremamente necessária para operar no Brasil”, disse Rodgerson, que longe dos microfones da imprensa revelou que companhia pode adquirir mais 24 aeronaves. A empresa já tem encomendado 51 exemplares do E195-E2.
No próximo ano, os jatos comerciais produzidos pela Embraer passarão a fazer parte do catálogo da Boeing e provavelmente devem adotar um novo nome, como aconteceu com a família CSeries da Bombardier, comprada pela Airbus e renomeada como A220. A fabricante norte-americana vai assumir 80% da divisão de aviação comercial da empresa brasileira, que ficará com os demais 20%. O acordo avaliado em US$ 5,2 bilhões deve ser concretizado nos primeiros meses de 2020.
Voando no E2 da Azul
O Airway participou da viagem inaugural do E195-E2 da Azul. A bordo do avião, o principal assunto entre os presentes durante o voo era o silêncio na cabine, especialmente nas primeiras fileiras de assentos à frente das asas e motores. No entanto, diferentemente de jatos comerciais mais antigos, o baixo nível de ruído também é notado em todo o interior da aeronave, mesmo nas partes central e traseira, que costumam ser as mais barulhentas.
O ruído percebido na cabine do E2 é tão baixo que durante os pousos tem-se a impressão de que os reversores dos motores não foram acionados, quando na verdade estão funcionando em plena força para frear a aeronave na pista.
O espaço entre os assentos no E195-E2 da Azul não mudou em relação aos modelos da primeira geração. As poltronas no “Espaço Azul” continuam com espaçamento de 86 centímetros umas das outras (pitch de 34 polegadas), enquanto os demais assentos da classe econômica são separados por 78 cm (pitch 31). O novo jato da companhia é configurado para receber até 136 passageiros, enquanto o E195 da primeira geração comporta 118 ocupantes.
Para quem tem perto de 1,80 metro de altura ou mais, viajar na classe econômica da Azul ainda pode ser um pouco apertado. Por outro lado, a configuração de cabine do avião, com a disposição de assentos 2+2, torna a viagem mais agradável e livre do incômodo passageiro do meio, como acontece em aviões maiores, como o Airbus A320 e o Boeing 737.
Outras novidades do E195-E2 da Azul são os compartimentos de bagagem na cabine (bins) com mais espaço e o monitor individual de entretenimento atualizado, agora com melhor definição de imagens e comandos touchscreen – nos modelos da primeira geração os passageiros precisam utilizar um controle anexado ao assento. Cada tela ainda conta com duas portas USB para recarregar dispositivos móveis. A partir de janeiro, o sistema também contará com acesso à internet e canais de televisão ao vivo.
“Como vocês puderam comprovar, viajar no E195-E2 é uma experiência bem diferente e mais agradável. Agora se vocês quiserem voar de novo em nosso novo avião terão de pagar”, encerrou o bem-humorado presidente da Azul em seu speech durante o voo de volta para Campinas.
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