A Azul Conecta confirmou nesta quarta-feira (1) a assinatura de uma carta de intenção com a Ampaire para a conversão de até seis aeronaves Cessna Grand Caravan para a versão Eco Caravan, com motorização híbrida-elétrica.
Fundada em 2017 em Hawthorne, Califórnia, nos Estados Unidos, a Ampaire trabalha no projeto de uma versão híbrida baseada no Caravan. De acordo com a empresa, a aeronave com motorização alternativa reduz o consumo de combustível e as emissões poluentes em até 70% ou próximo de 100% ao utilizar combustível sustentável de aviação (SAF). Essa configuração também diminui em 25% o custo de assento por quilômetro da operação, segundo a desenvolvedora.
“Estamos entusiasmados em trabalhar com o time visionário da Azul Conecta”, disse Kevin Noertker, CEO da Ampaire. “Eles estão entre um grupo de transportadores aéreos estabelecidos e prontos para adotar voos com aeronaves híbridas-elétricas, revolucionando toda a indústria da aviação.”
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A divisão de voos regionais da Azul é a primeira empresa aérea de grande porte que negocia com a Ampaire. “Depois de avaliar uma série de tecnologias de propulsão alternativas, concluímos que a Ampaire nos move em direção aos nossos objetivos em ESG com mais rapidez”, ressaltou Flavio Costa, presidente da Azul Conecta.
O uso de aeronaves de baixo impacto ambiental é um dos objetivos da Azul para zerar as emissões de carbono até 2045, aderindo ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas. A companhia brasileira também negocia com a Ampaire para prestar serviços de conversão para o Eco Caravan a outras operadoras na América do Sul.
Eco Caravan
O Eco Caravan é o primeiro avião híbrido a entrar no processo de homologação do FAA, a agência de aviação civil dos EUA. Por ser derivado de uma aeronave já aprovada por órgãos reguladores, a variante híbrida precisa apenas do certificado suplementar para entrar em serviço. A meta da Ampaire é ter o avião pronto para operações com passageiros até 2024 – o voo inaugural do avião modificado ocorreu em novembro de 2022.
O conjunto de motorização da aeronave é composto por um motor a pistão fornecido pela fabricante alemã Red Aircraft e outro propulsor elétrico alimentado por baterias da Electric Power Systems, que geram ao todo 754 hp de potência. Na versão original, o Caravan é impulsionado pelo turboélice Pratt & Whitney PT6 de 665 hp.
A variante híbrida-elétrica preserva a capacidade Cessna Grand Caravan, podendo manter o transporte de até nove passageiros ou mais de 1.100kg de carga.
Além do Caravan modificado, a Ampaire tem outros projetos de aviões híbridos-elétricos em andamento. Em 2020, a empresa voou com o EEL (Enguia, em inglês), uma aeronave híbrida baseada no bimotor Cessna 337 Skymaster, que teve um de seus motores a pistão substituído por um gerador elétrico. Outro desenvolvimento da empresa é o Eco Otter SX, uma conversão híbrida-elétrica do De Havilland Canada DHC-6 Twin Otter.
Pau pra toda obra
O Cessna Caravan vem servindo de base para diversos projetos de aviões sustentáveis. Além da solução híbrida criada pela Ampaire, o monomotor da Cessna também passa por um projeto de conversão da Magnix, que propõe um sistema de motorização 100% elétrico para a aeronave. Outra iniciativa, da ZeroAvia, é um modelo também elétrico, mas alimentado por células de hidrogênio.