As conversas para que a Gol e a Azul, duas das maiores companhias aéreas do Brasil, caminhem para uma fusão evoluíram, segundo relatos de pessoas envolvidas com o assunto.
O próximo passo deverá ser dado em breve, quando as empresas pretendem anunciar um memorando de entendimento, revelou o jornal Valor Econômico.
A ideia é que elas passem a fazer parte de uma corporação sem um controlador definido. Hoje a Azul tem como principal sócio David Neeleman, empreendedor que também é dono da Breeze, dos EUA.
A Gol faz parte do Grupo Abra, que inclui a Avianca, da Colômbia, e também tem ações da espanhola Wamos, especializada em wet-leasing.
As ações das duas companhias aéreas fecharam em grande alta na quinta-feira, diante da expectativa do anúncio.
A Azul, que também enfrenta dificuldades financeiras, se aproximou dos dirigentes da Abra após a Gol entrar com um pedido de restruturação financeira nos EUA, o chamado Capítulo 11, em 25 de janeiro de 2024.
Desde então, a empresa negocia com seus credores e protocolou um plano de recuperação recentemente em que prevê a união de negócios com a Azul, mas sem determinar um modelo único.
Entre as opções estão a combinação estratégica com a Abra, uma joint venture, uma oferta de ações ou mesmo um pedido de falência da Gol.
Fusão criaria maior companhia aérea brasileira
A fusão de Gol e Azul criaria a maior companhia aérea brasileira, com 60% do mercado contra 39% da LATAM, hoje a líder em participação.
Com perfis de malha aérea diferentes, a Gol opera voos domésticos entre cidades maiores enquanto a Azul possui uma maior capilaridade graças à frota mais diversa.
Em termos de aeronaves, no entanto, as duas não possuem quase sinergias. A Gol possui apenas o Boeing 737 como aeronave padrão, já a Azul voa de jatos Embraer a Airbus, de um e dois corredores. Além disso, há 40 turboélices ATR que cobrem rotas regionais.
Jutnas, elas teriam 325 aviões, mas certamente uma operação combinada significaria um enxugamento da frota.
A despeito dos ganhos com a potencial da união, resta saber se o Cade, a autoridade antitruste brasileira, aprovaria um eventual acordo, tamanha a concentração de mercado.
Para os passageiros, restariam praticamente duas opções para voos domésticos, prejudicando a competitividade e estimulando tarifas mais altas.