Enquanto a KLM Cityhopper passa por uma situação complicada em relação à disponibilidade da sua frota de jatos E195-E2, a Azul tem conseguido driblar os problemas do motor GTF, da Pratt & Whitney, e utilizar as aeronaves da Embraer diariamente.
Como AIRWAY publicou em primeira mão, a KLM admitiu enfrentar desafios para colocar em serviço seus 14 jatos, oito dos quais estavam estacionados no início do ano, à espera de atualizações da fabricante do turbofan.
“Os problemas de desempenho não afetam a segurança de voo, mas afetam a disponibilidade da frota”, garantiu a transportadora holandesa em nota exclusiva a este site.
A complicada situação, no entanto, não tem afetado as operações da Azul, cuja frota de E195-E2 é também numerosa – atualmente em 15 aeronaves, mas duas delas ainda em trâmites internos antes de assumir voos.
Procuramos a empresa para entender como ela está contornando o problema e utilizando seus novos jatos com enorme regularidade.
Segundo a Azul, “os motores PW1900G são de nova geração, trazendo tecnologias mais seguras, eficientes e econômicas que as da geração anterior. Como toda nova tecnologia, eles exigiram um trabalho de colaboração de implementação entre o fabricante e o operador, o que a Azul fez como prioridade. Com isso, conseguimos manter qualquer impacto à nossa operação ao mínimo, fato confirmado pelos resultados de segurança e operacional da Azul em 2022.”
AIRWAY também ouviu a Pratt & Whitney, que justificou a demora em resolver o problema à escassez de peças para efetuar a atualização nos motores, que também envolvem outros modelos de aeronaves como o Airbus A220.
“Estamos lidando com a escassez de peças na cadeia de suprimentos que está afetando a produção de MRO e a disponibilidade de motores sobressalentes. A Pratt & Whitney está coordenando estreitamente com nossos clientes soluções para minimizar a interrupção operacional. Também estamos trabalhando estratégias de mitigação com nossos fornecedores, expandindo a capacidade da oficina e atualizando continuamente para estender o tempo do motor na asa“, disse a fabricante dos EUA.
Motor avançado, problemas novos
Como os clientes da Pratt & Whitney fazem questão de afirmar, o motor GTF (Geared Turbofan) é considerado um primor tecnológico, capaz de oferecer um desempenho superior ao de modelos antigos com um consumo de combustível e emissões de poluentes sensivelmente menores.
No entanto, desde que começou a ser usado por aeronaves como o A320 e A220, o novo turbofan tem apresentado problemas como desligamento em voo e vibrações, entre outros.
Para sanar essas ocorrências, a PW está autualizando o software do sistema FADEC (Full Authority Digital Engine Control, ou Controle Digital do Motor com Autoridade Total), além de substituição de algumas peças.
A falta delas e de locais para realizar as mudanças é que provocam a indisponibilidade já que os problemas com o motor foram resolvidos em 2021, segundo a empresa.
AIRWAY também questionou a ANAC e a Embraer sobre o assunto. A agência de aviação civil brasileira afirmou que “A ANAC realiza acompanhamento planejado e constante sobre o desempenho de produtos, empresas, operações, processos e serviços, em um processo de vigilância continuada. Até o momento, não foi vislumbrado qualquer nível de alerta de segurança operacional em relação ao motor em questão“.
A fabricante do E195-E2 não havia enviado um posicionamento até a publicação deste artigo.