Um colosso azul com 35 mil metros quadrados e capaz de abrigar até oito jatos do porte de um Airbus A320 ou dois A330 ao mesmo tempo. Assim podemos descrever o novo hangar de manutenção que a Azul Linhas Aéreas passou a operar no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo. A megaestrutura começou a ser construída em 2018 e recebeu as documentações e certificações necessárias para executar serviços de manutenção na semana passada.
No entanto, a crise do coronavírus adiou qualquer celebração presencial e alterou até mesmo a utilidade do imenso espaço que agora está servindo de área de estacionamento para parte dos aviões da companhia aérea e que estão inativos por conta da redução em sua malha, de cerca de 90%.
“Com um centro de manutenção tão moderno e amplo em nosso principal hub, conseguiremos realizar em Viracopos tarefas que antes eram feitas muitas vezes em oficinas fora do Brasil”, comemorou John Rodgerson, presidente da companhia aérea. Até então, a Azul fazia uso apenas de uma estrutura mais modesta no Aeroporto da Pampulha, mas que só atende os modelos ATR, A320 e E195.
Agora, com o novo centro de manutenção, será possível dar conta da crescente frota da companhia, atualmente com 145 aviões – 10 widebodies A330, dois A321neo, 40 A320neo, 53 E190-E1, cinco E195-E2, dois 737-400 cargueiros e 33 turboélices ATR 72. “A estrutura do prédio nos permitirá atender aeronaves para manutenções complexas ou simples de foram simultânea. Além disso, as oficinas instaladas no mesmo local fornecerão todo o suporte necessário para as tarefas que realizaremos nos aviões que compõem a nossa frota”, explica Flavio Costa, vice-presidente Técnico-Operacional da Azul.
Terra de gigantes
O novo hangar da Azul tem dimensões impressionantes. O prédio principal tem cerca de 210 metros de largura por 120 metros de profundidade. Segundo a empresa, a área de manutenção conta com um vão livre com 170 metros de comprimento por 90 metros de largura, sendo quatro posições para manutenção pesada e quatro para serviços mais simples.
Comparado a outros hangares gigantes brasileiros, o edifício de Viracopos possui uma altura um pouco inferior, de cerca de 25 metros. Por essa razão, a Azul fez uso de um recurso comum nesses casos que é uma abertura para que o estabilizador vertical de jatos como o A330 possa acessar o interior do hangar sem que seja preciso instalar portas de grande área – daí os dois recortes verticais em sua fachada.
A estreia da estrutura de manutenção da Azul reforça um movimento de expansão de centros de manutenção de aeronaves comerciais no país nos últimos anos. Até meados dos anos 90, essas atividades eram um tanto quanto restritas a espaços pequenos, com exceção da Varig, que possuía dois hangares para jatos de corredor duplo, um em Porto Alegre e outro no Galeão e que por muito tempo foi o maior exemplar do gênero na América Latina.
Com cerca de 20 mil metros quadrados, o imenso hangar é capaz de acomodar ao mesmo tempo três widebodies. Na época da Varig, era possível ver um Boeing 747 e dois DC-10 abrigados com folga no local. Após a falência da companhia aérea, o centro de manutenção foi rebatizado como VEM e mais tarde adquirido pela TAP.
Por falar em falência, a Vasp, que mantinha suas oficinas em Congonhas, decidiu construir um hangar de grandes proporções em Guarulhos, mas os trabalhos não avançaram além de parte da estrutura antes que a empresa sucumbisse. A estrutura acabou dando lugar a um inédito centro de manutenção da American Airlines, o primeiro da empresa fora dos EUA. Com quase 17 mil metros quadrados, a estrutura pode abrigar dois Boeing 777 ao mesmo tempo e tem sido usada pela companhia aérea para serviços de manutenção de curta duração.
Maior centro de manutenção da América Latina
Se não possui um hangar tão vistoso quanto suas concorrentes, a LATAM compensa pela extensão de seus complexos de manutenção. Além de uma nova unidade vizinha ao hangar da American em Guarulhos, a companhia aérea mantém o MRO de São Carlos, maior centro de manunteção de aviões da América Latina.
Construído sobre uma antiga fábrica de tratores no interior de São Paulo, o centro foi idealizado pelo falecido Comandante Rolim Amaro e também abrigava o Museu da TAM, fechado há alguns anos. Com sete hangares, ele pode atender até 12 jatos do porte de um A320 ao mesmo tempo.
Sem ser tão vistoso, o centro de manutenção da Gol no Aeroporto de Confins também é uma estrutura de respeito. Inaugurado em 2006, o espaço de 147 mil metros quadrados pode receber até oito jatos 737 simultaneamente e também é homologado para realizar serviços em aeronaves 767.
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