O assédio da Azul à LATAM é mais amplo do que se pensava. A companhia aérea fundada por David Neeleman pretende fazer uma oferta de compra da rival, não restrita apenas à divisão brasileira, mas o grupo chileno como um todo.
O plano foi revelado pelo Wall Street Journal e confirmado por John Rodgerson, CEO da companhia, ao jornal chileno Diario Financeiro. Em entrevista nesta segunda-feira, o executivo americano foi taxativo ao não acreditar que a LATAM conseguirá chegar a um acordo com seus credores para tirá-la do “Capítulo 11”, processo de recuperação judicial ao qual a empresa aderiu nos EUA no ano passado.
O jornal creditou foto de Rodgerson como David Neeleman, mas a conversa indica ter ocorrido com o presidente da companhia aérea brasileira.
O executivo justificou o fato de não ter apresentado ainda uma proposta aos credores da LATAM. “Alguns me perguntam onde está meu plano, por que não apresentei, mas legalmente não posso fazer uma oferta ao juiz por enquanto. Isso não significa que não estamos interessados ou que não vamos. É provável que a Latam continue a pedir prorrogações, mas a exclusividade tem um limite legal em 23 de novembro e até essa data com certeza eles saberão mais sobre nosso plano”, disse Rodgerson.
O chefe da Azul reconhece ter conversado com alguns credores e crer que os seguidos pedidos de prorrogação feitos pela direção da LATAM são um sinal de que não estão conseguindo um acordo com eles – recentemente a empresa conseguiu prorrogar na Justiça dos EUA a apresentação do plano de recuperação para 26 de novembro.
John Rodgerson voltou a insistir na tese de consolidação como a melhor saída para a queda na demanda. A empresa aposta em sua imensa malha com 130 destinos contra 45 da LATAM como um dos motivos para crer numa melhora da conectitividade. Ele citou o caso do acordo da JetSmart com a American Airlines e o namoro entre a também chilena Sky e a Avianca como exemplos positivos.
Na sua visão, a combinação da operação das duas companhias aumentaria o valor de mercado do suposto grupo, criando sinergias e possibilitando uma melhor recuperação para os credores. O presidente da Azul, no entanto, negou que a proposta pelo grupo como um todo visa apenas ficar com a divisão brasileira (herdada da TAM) e a venda do restante.
A Azul também não teme uma possível relutância do Cade, órgão anti-truste brasileiro, em aprovar uma possível fusão entre as duas empresas. O presidente da empresa citou o caso da união entre Localiza e Unidas, que vão controlar 70% do mercado de locação de veículos e que já foi aprovada pelo regulador. E foi além ao lembrar que a LAN, quando comprou a TAM, detinha 85% do mercado de aviação chileno e hoje enfrentam a concorrência da JetSmart e Sky.
Procurada pela redação, a LATAM emitiu o seguinte posicionamento:
“A LATAM não está à venda e não comenta sobre as intenções da Azul.
A companhia está se preparando para entregar seu plano de reorganização no contexto do Chapter 11 com previsão de saída ainda este ano, se reerguendo com mais eficiência e custos mais enxutos em suas operações nacionais e internacionais“.
A união da Localiza é com a Unidas, não United. Quanto ao assunto, curioso sobre a opinião da Delta sobre a ideia, já que abriu mão da Gol pela Latam e, agora, pode se ver em conflito com um parceiro da (agora sim) United. “A ver”…
Obrigado pelo alerta, Pedro. Imagine a Localiza junto da companhia aérea…rs