Por conta de uma coincidência, a estreia da Azul na ponte aérea Rio-São Paulo terá um componente inédito. A companhia será a única a oferecer voos entre Congonhas e Santos Dumont durante cerca de três semanas.
A razão para isso envolve as obras de reforma da pista principal do aeroporto no centro do Rio de Janeiro e que irão restringir a operação de jatos entre 24 de agosto e 21 de setembro. Embora a Infraero tenha recuperado a pista auxiliar para que possa operar com jatos, existe a restrição para a maior parte dos jatos que voam no Brasil.
Apenas os modelos Airbus A318, Boeing 737-700 e os Embraer E190 e E195 estão autodizados a utilizar a pista auxiliar. Com isso, somente a Azul e a Gol possuem equipamento homologado para pousar e decolar no Santos Dumont. Mas a Gol decidiu transferir todos os seus voos para o Galeão já que o jato usado na ponte aérea é o 737-800, maior e cuja categoria foi excluída pela ANAC – a LATAM já havia confirmado sua mudança para o Tom Jobim.
“Durante as obras na pista de Santos Dumont, período em que o aeroporto não operará por instrumentos ou com a pista molhada, a companhia optou por manter o número de assentos e frequências de e para o Rio de Janeiro, com pousos e decolagens no aeroporto internacional Tom Jobim – RIOGaleão”, explicou a Gol ao Airway. “Tal medida visa garantir um serviço de excelência aos nossos clientes e oferecer ainda mais opções a todos que escolhem voar GOL. A empresa ainda informa que oferecerá transporte gratuito entre os aeroportos de Santos Dumont e RIOGaleão”, completou.
Após obter mais 15 slots em Congonhas, a Azul cancelou alguns voos no aeroporto paulista para montar uma estratégia na ponte aérea que inclui 34 voos diários, menos que os 52 oferecidos pela Gol, mas uma malha bem mais robusta.
A intenção da companhia de David Neeleman é utilizar os novos A320neo na rota mais movimentada do país, mas isso apenas no final de setembro, quando a pista principal voltará a funcionar. Enquanto isso, a Azul utilizará o E195 com 118 assentos.
Estratégia agressiva
Com o início da operação na ponte aérea, a Azul pretende ampliar sua ofensiva contra Gol e LATAM, empresas com as quais tem criado várias polêmicas que culminaram com sua saída da ABEAR, associação que pretendia reunir as companhias aéreas brasileiras.
Após um período em que optou por criar uma malha abrangente em aeroportos secundários, a Azul passou a voar em cidades com maior volume de passageiros e a operar no exterior. Para dar conta da demanda crescente, a companhia tem ampliado significativamente sua frota de A320neo, incluindo o aluguel de aviões que pertenciam à Avianca Brasil. A empresa já acumula mais de 30 unidades desse avião e deve receber mais unidades até o final do ano.
Segundo o site Kayak, de pesquisa de preços, apenas com a entrada da Azul na disputa da ponte aérea, a média de preço das passagens caiu mais de 40%. Sem a Avianca, a oferta caiu, afetando os valores nos últimos meses.
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