Um indiano que sabe tudo sobre o mercado brasileiro. Esse é Abhi Shah, vice-presidente de receitas da companhia aérea Azul e um dos homens de confiança de David Neeleman, brasileiro radicado nos Estados Unidos que fundou a empresa em 2008 e hoje é um dos empresário mais bem sucedidos da aviação comercial mundial.
Antes de entrar na Azul, Shah foi um dos diretores da área de finanças da JetBlue, outra companhia aérea criada por Neeleman e que atualmente está entre as 10 maiores dos EUA. “O David é um grande empreendedor com um instinto muito apurado para o mundo dos negócios. Nos últimos anos a aviação comercial mudou muito no Brasil e a Azul ajudou a impulsionar essa mudança”, disse o executivo da empresa, que acompanha Neeleman há mais de 10 anos.
Com 10 anos de mercado completados neste ano, a Azul se notabilizou por levar o transporte aéreo a regiões onde haviam pouquíssimos voos regulares ou mesmo nenhum. Com esse modelo de negócio, a empresa se tornou a maior na categoria de voos regionais no país, oferecendo conexões em grandes hubs com cidades do interior.
“Você acha é necessário mais voos entre São Paulo e o Rio de Janeiro, ou para Belo Horizonte e até Brasília? Esse mercados já são bem atendidos por todas as companhias. O crescimento da aviação comercial brasileira surgiu com novas oportunidades e em novos destinos pelo país”, contou o Shah. “Quando a Azul estreou o mercado brasileiro movimentava menos de 50 milhões de passageiros. Hoje são mais de 100 milhões.”
Para atender regiões com aeroportos pequenos e demanda de passageiros insuficiente para ocupar grandes aeronaves, a Azul iniciou sua trajetória no Brasil com aviões menores e diferentes, como foi o caso dos jatos Embraer E190 e E195 e o turbo-hélice ATR 72, contrariando a estratégia de adotar uma frota unificada, como fazem outras companhias com o objetivo de reduzir custos.
A Azul possui hoje a frota de aeronaves mais diversificada em operação no Brasil, composta atualmente pelos modelos Embraer E19o e E195, ATR 72-600 e os Airbus A320neo e o widebody A330neo. “A Azul hoje tem o avião certo para cada rota”, afirmou o vice-presidente de receitas.
Novo avião a caminho
“Falamos aqui de brincadeira que a ‘Azul gosta de complicar as coisas’. Estamos certificando atualmente quatro aeronaves diferentes: o Embraer E195 E2, Airbus A330neo, Boeing 737-400 cargueiro e o A321neo”, disse Shah, confirmando quase sem querer que a Azul encomendou o novo A321neo, o maior modelo da nova família A320neo.
“Vamos receber os A321neo em 2019”. O executivo, porém, não revelou a quantidade de aeronaves que a empresa encomendou.
“Estamos muito empolgados com os próximos quatro, cinco anos, mesmo com variações na cotação do dólar e no preço do combustível, nos estamos renovando nossa frota de aeronaves com novos aparelhos ao mesmo tempo em que reduzimos custos e aumentamos a receita”, afirmou Shah.
O principal exemplo dessa redução de custos citado por Abhi Shah está vindo das operações com o A320neo, em serviço com a companhia desde dezembro de 2016. “O novos A320neo tem um custo por assento 29% menor ao do Embraer E195 da primeira geração. Ou seja, agora temos um avião que transporta mais passageiros (132 contra 174) por um custo inferior e gera mais lucro”, explicou.
O principal exemplo dessa redução de custos citado por Abhi Shah está vindo das operações com o A320neo, em serviço com a companhia desde dezembro de 2016. “O novos A320neo tem um custo por assento 29% menor ao do Embraer E195 da primeira geração. Ou seja, agora temos um avião que transporta mais passageiros por um custo inferior e gera mais lucro”, explicou. A Azul encomendou 63 jatos A320neo e já recebeu 15 unidades.
Outra parte do processo de renovação da frota da Azul focado na redução de custos prevê a substituição de todos os atuais jatos da Embraer pelo E195 E2 de nova geração. A companhia brasileira, que encomendou 50 aviões, será o cliente-lançador do novo jato brasileiro, que estreará na aviação comercial em 2019.
Não faltam aeroportos no Brasil, falta estrutura
Como explicou o executivo da Azul, hoje um dos principais desafios para crescer no Brasil é encontrar aeroportos bem estruturados. “Os padrões da aviação aumentaram muito nos últimos anos. É necessário que o aeroporto tenha equipamentos de raio-x funcionando bem, toda a documentação da ANAC sobre a pista, informações metereólogicas confiáveis, luzes de aproximação de pouso, e etc”, listou Shah.
O vice-presidente de receitas da Azul ainda revelou que a companhia se reuniu recentemente com prefeitos de 30 cidades para “ensiná-los” como construir aeroportos. “Muitas cidades não sabem o que é preciso para iniciar a construção de um aeroporto e muitas acabam nos procurando para obter informações.”
“Não precisamos de dinheiro do governo ou de incentivos públicos. Tudo que nos pedidos é que as obras nos aeroportos sejam finalizadas. A aviação é muito importante para estimular o desenvolvimento de uma economia”, disse Shah, reafirmando o plano da Azul em voar para 35 novos destinos domésticos nos próximos anos. “Podemos abrir de cinco a seis novas rotas por ano, desde que os aeroportos sejam finalizados.”
Sem medo das “ultra low-cost”
Questionado sobre a chegada de companhias estrangeiras “low-cost” ao mercado brasileiro, inclusive com a chance de operar voos domésticos, Abhi Shah disse não acreditar no sucesso imediato desses novas empresas no país, como é o caso da Norwegian Air, que recebeu neste mês a autorização da ANAC para voar entre o Brasil e Londres.
“Não tenho nenhuma dúvida de que eles podem voar do Brasil para Londres. Mas não há nada sobre eles iniciarem voos domésticos no Brasil. Primeiro, a lei não permite. Em segundo, é muito difícil reduzir custos no Brasil como eles propõem ou além do que a Azul já faz. Aqui o combustível é 50% mais caro que nos EUA, temos as altas taxas aeroportuárias, além dos custos com tripulantes. Todas as companhias no Brasil precisam arcar com esses custos e com a Norwegian isso não será diferente”, finalizou Shah.
Tenho que concordar PLENAMENTE com o executivo Abhi Shah, não faltam aeroportos no Brasil, falta estrutura. Infraestrutura!!! Nossas autoridades municipais e estaduais insistem em construir aeroportos subdimensionado para o tráfego atual, sem a mínima margem para o crescimento futuro. Constroem-se pistas curtas, estreitas, baixa resistência asfáltica (t= toneladas), sem voo por instrumento, estação de passageiros pequena entre outras benfeitorias. Exemplo vivo e em andamento é a pista de Macaé. Será de apenas 1.200 metros de comprimento por minúsculos 30m de largura. É lamentável. A capital do petróleo está pensando como nos anos 60. São raros os aeroportos que têm a aeronave básica de projeto para o Embraer 195E2, Airbus A320NEO, Boeing B737MAX ou até para os turboélices que deverão acomodar 90 passageiros em breve. O pior de tudo, é a benção da SAC e ANAC para esses projetos ultrapassados. Nós já deveríamos ter estabelecido os parâmetros obrigatórios de construção para a Pista Mínima Regional e Nacional, ambas deveriam ser de cimento Portland, a pista nacional obrigatoriamente. Ásia, Europa, EUA e outros países desenvolvidos só constroem pistas com o mínimo de 3.000 x 60m. Nenhum aeroporto no Brasil deveria ser construído abaixo de:
Pista Regional = 1.650 x 45m + 35t + LED Solar + GPS
Pista Nacional = 2.500 x 45m + 95t + LED & ALS Solar + ILS
Saudações,