Quando se trata de transportar volumes e peças gigantes nada é simples. Com sanções internacionais impostas aos Antonov An-124 operados pela Rússia, grandes empresas estão atrás de alternativas para distribuir seus equipamentos, peças e materiais de volume e peso elevados, entre elas a Rolls-Royce, que admitiu estar em conversa com a Airbus para usar o Beluga ST no transporte seus motores.
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Mas o Beluga pode ser uma alternativa ao tradicional Antonov? A resposta é complexa. Por isso, comparamos diversas características de cada um dos gigantes para explicar melhor as qualidades de cada um deles.
[table id=1 /]Baleia ou golfinho?
Assim como há muita confusão em relação ao animal que deu nome ao Beluga ser uma baleia ou um golfinho (não é nenhum dos dois), também não é muito claro o que a aeronave da Airbus é exatamente.
A primeira geração foi criada na década de 1990 para servir de transporte entre as instalações da Airbus no mundo, levando grandes peças para as linhas de montagem de seus aviões.
Com a chegada da nova geração do Beluga (XL) em 2019, os antigos Beluga ST passaram a prestar serviços também para terceiros no transporte de cargas de dimensões grandes. Daí a possibilidade de trabalhar junto a Rolls-Royce.
Como seu objetivo era transportar peças de tamanhos grandes já montadas de uma fábrica a outra, o Beluga ST tem a maior capacidade em volume de carga disponível atualmente no mercado, com 1.500 metros cúbicos.
O modelo da Airbus também tem maior abertura de “boca” para carregar volumes mais largos, compridos ou altos. No entanto, o Beluga ST é apenas um golfinho se comparado com a capacidade de carga útil do Antonov: 40 contra 150 toneladas, respectivamente.
[table id=3 /]Brutamontes
Desenvolvido na década de 1970 como um veículo militar, o Antonov é sinônimo de carga pesada e alcance. Desde o início de sua operação, ele vem quebrando recordes. Em 1987, o An-124 percorreu 20.000 km sem reabastecer num voo em circuito fechado de 25 horas e 30 minutos.
Em 1991, foram 129 toneladas carregadas da Espanha até Nova Caledônia. Em 1993, o recorde subiu para 135 toneladas, numa viagem entre Alemanha e Índia.
No entanto, todos estes recordes foram superados mais recentemente pelo Antonov An-225 “Mriya”, o irmão maior do An-124, cuja única unidade foi destruída pelos russos na invasão da Ucrânia.
Tipos de carga
O Beluga já foi usado para transportar elementos de estações espaciais, helicópteros, asas de aviões, obras de arte, tanques de químicos, e até uma coleção de série de aeronaves antigas para um show aéreo nos Estados Unidos.
No entanto, o acesso ao compartimento de cargas do Beluga exige que o aeroporto tenha equipamentos específicos para alcançar os 5,5 metros de altura do deck único.
Já o Antonov é famoso por levar turbinas, geradores, locomotivas, foguetes e satélites. Em 2005, um An-124 repatriou um obelisco de 160 toneladas da Itália para sua terra de origem, a Etiópia, o que exigiu uma ampliação do aeroporto local só para receber o avião.
Diferentemente do Beluga, o Antonov pode “ajoelhar” e ser carregado por meio de uma rampa, trilhos e motores internos, sem a necessidade de muitos equipamentos de terra. Porém, sua estrutura em duplo deck limita drasticamente a altura dos objetos a serem transportados.
Resposta
Sim, o Beluga pode ser uma alternativa ao Antonov, mas somente em certas situações, por exemplo para transporte de peças superdimensionadas ou mais delicadas. No entanto, elas não podem ser muito pesadas.
A aeronave da Airbus é bastante especifíca, assim como o animal Beluga, que não é nem baleia, nem golfinho, mas faz parte da família Monodontidae. Além do Beluga, essa família inclui apenas o narval, uma baleia dentada que tem uma espécie de corno na cabeça. Ou seja, são animais bastante esquisitos e peculiares.
O Antonov ainda segue como a melhor opção para cargas pesadas pelo poder dos seus quatro propulsores Progress D-18T, contra dois GE CF6 do Beluga, que levam mais carga e mais longe que o Beluga. Certamente mais versátil, o cargueiro ucraniano deve seguir o mais procurado.
FOTOS: Veja mais imagens do Airbus Beluga ST e do Antonov An-24