Quando lançou seu projeto em 2016, o Uber causou uma corrida entre start-ups e grandes fabricantes interessados em fornecer os veículos aéreos que serão usados no inovador serviço proposto pela empresa. Entre os parceiros da dona do aplicativo de carona estão a Boeing, Hyundai, Embraer e a Bell, famosa pelos seus helicópteros.
A fabricante, parte do grupo Textron Aviation, havia participado da feira CES no ano passado, onde apresentou a primeira versão do seu “táxi voador”, o Nexus. Na edição deste ano do mesmo evento, no entanto, a Bell trouxe novidades incluindo um projeto revisado da aeronave, o Nexus 4EX.
As principais diferenças em relação ao projeto anterior, batizado de Nexus 6HX, são os quatro dutos com hélices em vez de seis, e passar a ter um sistema de propulsão 100% elétrico em vez de híbrida como era a ideia inicial. Apesar disso, a empresa americana disse que manterá o projeto “agnóstico”, ou seja, capaz de receber um conjunto híbrido, já que enxerga outras possibilidades além do serviço urbano do Uber. Para a Bell, um dos principais requisitos do mercado será a autonomia, o que uma proposta híbrida pode responder melhor.
Com suas hélices carenadas pivotantes, o Nexus 4EX deverá atingir até 250 km/h, ter um alcance de quase 100 km com 4 ou 5 passageiros e uma operação com vários pousos e decolagens. Com menos hélices, o veículo terá uma aerodinâmica melhor e menor consumo, acredita a fabricante. A expectativa da empresa é que o modelo de produção entre em operação em meados da década.
Aliás, a corrida para conquistar esse novo e próspero mercado ultrapassa as fronteiras do projeto Elevate, da Uber. A Airbus, por exemplo, corre em paralelo com o CityAirbus, um veículo aéreo 100% elétrico com quatro lugares e que pode ser pilotado remotamente.
Segurança é o foco
O maior desafio desses táxis voadores está na segurança operacional, não há dúvida. Imagina-se que as grandes cidades poderão tornar-se um ambiente onde esse tipo de veículo irá se multiplicar, criando literalmente vias movimentadas nos céus. O grande número de ciclos e sua potencial demanda têm motivado as agências de aviação civil a serem rigorosas sobre a certificação desses modelos.
A EASA, agência de aviação civil da Europa, por exemplo, tem exigido padrões de segurança comparáveis aos de jatos comerciais. Para ela, o mínimo aceitável é de menos de uma falha grave a cada bilhão de voos.
Trata-se de um índice bem superior ao requisitado pelo Uber que, em seu “papel em branco”, como é chamada o manifesto que convidou desenvolvedores a pesquisar soluções, estipulou que esses veículos aéreos deveriam ser pelo menos duas vezes mais seguros que automóveis – em acidentes por ocupante/milha. Esse valor é cerca de quatro vezes superior ao padrão de aviões executivos, porém, 160 vezes menos seguro que operações em aviões comerciais.
A Bell estima que uma aeronave como o Nexus voará cerca de 2.000 horas por ano, realizando milhares de operações e mudando a mobilidade nas grandes metrópoles. Mas será preciso provar que esses veículos serão de fato seguros, confiáveis e acessíveis no futuro.
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