No último sábado (3), o Aeroporto Internacional de São Luís, no Maranhão, recebeu pela primeira vez o pouso de um Boeing 747-400. Vinda de Seul, na Coreia do Sul, a aeronave da companhia National Airlines, dos EUA, trouxe para o Brasil peças do HANBIT-TLV, um foguete de propriedade da INNOSPACE, companhia aeroespacial privada sul-coreana.
O HANBIT-TLV é um foguete de 15 toneladas com 16,3 metros de altura por um metro de diâmetro. O equipamento será lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) a fim de realizar um teste suborbital para validar o motor do primeiro estádio do HANBIT-Nano, um veículo lançador capaz de carregar uma carga útil de 50 kg.
O planejamento é que o foguete sul-coreano atinja uma altitude de 100 km e caia em alto mar. Embora ainda não tenha uma data definida para o lançamento, está será a primeira operação de uma companhia aeroespacial privada a utilizar o centro no Maranhão. O veículo será lançado a partir da área 1, conhecida como o espaço da SISPLAT/VLS do CLA.
A empresa coreana chegou ao Brasil por consequência do Edital de Chamamento Público nº 02/2020 da Agência Espacial Brasileira (AEB), de 22 de maio de 2020, que permite operações de empresas e instituições estrangeiras na Base do Maranhão. O contrato para a INNOSPACE operar no CLA tem vigência de cinco anos e pode ser prorrogado por mais cinco anos.
“A INNOSPACE está muito orgulhosa e esperançosa em iniciar as atividades comerciais de exploração espacial a partir do território brasileiro. A chegada de nosso foguete, o HANBIT-TLV, é a marca indelével dos inúmeros desafios logísticos e tecnológicos superados para a realização dessa histórica operação”, disse Élcio Jeronimo de Oliveira, Diretor de Negócios da INNOSPACE do Brasil.
Posição privilegiada
Devido à proximidade com a linha do equador, o Centro de Lançamento de Alcântara é considerado um dos pontos geográficos mais privilegiados do mundo para lançamentos de foguetes.
Veículos lançados a partir do CLA podem alcançar o espaço consumindo menos combustível, pois a velocidade de rotação da Terra na altura do Equador auxilia o impulso dos lançadores.
De acordo com a AEB, a economia de combustível dos foguetes lançados de Alcântara é de até 30%, comparado a lançamentos realizados em bases em latitudes maiores, como o centro espacial da NASA em Cabo Canaveral, nos EUA, e o Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, onde são realizados operações da Roscomos, a agência espacial russa.
A disposição da península de Alcântara também permite lançamentos em todos os tipos de órbita, desde as equatoriais (em faixas horizontais) às polares (em faixas verticais), além de oferecer maior segurança para áreas de impactos do mar. Outro fator favorável do CLA é o clima estável, permitindo o lançamento de foguetes em praticamente todos os meses do ano.
O tão criticado Chamamento Público 02/2020 da AEB dando seus primeiros passos. Os canhotos ficam mais vermelhos ainda……..