Menos conhecido que seu irmão maior e mais velho, o Boeing 777 acaba de roubar um título do 747, o famoso “Jumbo”. O birreator é o jato de fuselagem larga (widebody) mais popular da história. A marca foi obtida no final de março quando a 1.545ª unidade (um 777-300ER) foi entregue à United Airlines, marcando o fim do reinado do gigante de dois andares.
É um número e tanto afinal o “triple seven“, como chamam o jato na aviação, é um avião relativamente novo, que está prestes a completar 23 anos em serviço (primeiro voo comercial justamente com a United em junho de 1995). Nesse mesmo período, o 747 acumulava 628 entregas apenas, ou seja, 40% do desempenho do 777.
No entanto, o ápice de entregas do 777 ocorreu entre 2013 e 2016 quando quase 100 unidades foram completadas por ano. Desde então, a produção está numa leve queda, que deve ser revertida quando a nova geração do jato, o 777X, entrar em produção.
Difícil apontar uma razão exclusiva para o sucesso do 777. O jato nasceu não apenas como resposta ao avanço da Airbus e seus birreatores mas também como uma alternativa aos beberrões trirreatores e quadrirreatores como o próprio 747. Ele se diferenciou por oferecer uma fuselagem quase tão larga quanto a do 747, mas equipada com dois enormes turbofans sem igual na época.
Sua cabine de passageiros trazia um aproveitamento superior e compartimentos de bagagens com um mecanismo que ampliava a sensação de espaço a bordo. Embora com aviônicos avançados, o jato da Boeing ainda mantinha os controles tradicionais em vez do sistema "fly-by-wire" da rival.
O Boeing 777-200 deu origem a versão de longo alcance (LR) e também de maior capacidade, o 777-300, que na configuração ER é usada pela Latam no Brasil (única operadora do jato no país). Ela responde por metade das entregas até hoje.
Guerra pela coroa
Com a nova série 777X, a Boeing quer atrair companhias que precisam de uma aeronave com maior capacidade de passageiros, autonomia e economia. Por essa razão, o novo jato terá asas de desenho avançado e que incluem um curioso sistema de pontas dobráveis. Será proporcionalmente mais leve e agradável de voar, como o 787 - a estreia está marcada para o final de 2020.
Até lá, o 777 terá na cola outro birreator, nesse caso, da Airbus. O A330 é hoje o mais forte candidato a disputar a liderança em produção de widebodies na aviação. Até o momento, ele acumula 1.398 entregas, mas tem quase 300 encomendas no catálogo, boa parte da nova versão A330neo.
Outro que promete acabar com a liderança do 777 é justamente o 787. A Boeing já tinha 1.318 encomendas do modelo, 670 das quais entregue. O que mais impressiona nele é o ritmo de produção de quase 140 unidades por ano, portanto, superior aos melhores dias do "triple seven". A guerra pela coroa de "rainha dos céus", como os americanos apelidaram o 747, está em aberto.
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Vejam que na foto do seu lançamento, entre os nomes de diversos operadores, encontra-se a Transbrasil…