Mais dores de cabeça para a Boeing em relação à certificação de seus aviões comerciais. Em maio, a FAA, a agência de aviação civil dos EUA, enviou uma carta à fabricante em que cobra mudanças no jato 777X após surgirem indícios de problemas durante os voos de testes.
O documento, que foi revelado pelo jornal The Seattle Times na semana passada, traz várias preocupações da agência quanto ao 777-9, variante que a Boeing está priorizando para entrada em serviço.
Entre os aspectos apontados pela FAA estão problemas com softwares e equipamentos, incluindo a ocorrência de uma anomalia durante um voo de teste em dezembro que fez um dos protótipos apresentar oscilações no eixo lateral de forma voluntária.
A autoridade também afirma que o jato bimotor “ainda não está pronto para o ‘TIA’, mesmo que seja um TIA em fases de escopo limitado com um pequeno número de planos de teste de voo de certificação propostos”.
O TIA (Type Inspection Authorisation, ou Autorização de Inspeção de Tipo) é um marco no processo de certificação que significa que a aeronave está dentro do esperado de acordo com os requerimentos.
Ou seja, o 777X não tem conseguido atender o que pede a FAA, o que a fez afirmar na carta que o cronograma de certificação deve ficar para o final de 2023.
“A FAA não aprovará nenhuma aeronave a menos que atenda aos nossos padrões de segurança e certificação”, avisou a agência.
Família de jatos com problemas
A Boeing deverá realizar uma grande atualização no software do 777X em breve que promete resolver boa parte desses problemas. O trabalho é focado no Common Core System (CCS), uma arquitetura modular de aviônicos que centraliza diversas funções vitais na aeronave.
As correções a serem implementadas pela Boeing poderão fazer com que o 777-9 inicie a operação comercial apenas em 2024, atrasando ainda mais o programa, que originalmente deveria ter entrado em serviço no ano passado.
Após o escândalo do desenvolvimento do 737 MAX, que foi aprovado com vários problemas e vista grossa da própria FAA, a agência americana tem sido extremamente criteriosa com a Boeing. Nos últimos meses não apenas o jato de um corredor mas também o 787 Dreamliner passaram por diversos escrutínios a respeito de problemas de produção.