A Boeing anunciou no final de semana um pedido firme de um cliente não identificado para dois cargueiros 737-800 Boeing Converted Freighters (BCF), bem como acordos para abrir novas linhas de conversão de aeronaves em Guangzhou, na China, e Singapura para atender à forte demanda do mercado de frete aéreo.
Baseado no 737-800 Next-Generation (geração anterior ao 737 MAX), o 737-800BCF é capaz de transportar uma carga máxima de 23,9 toneladas e percorrer até 3.750 km. As aeronaves são modificadas a partir de modelos aposentados do transporte de passageiros.
“O programa de conversão de cargueiros é uma maneira excelente de dobrar a vida útil de um avião e fornecer aos operadores uma maneira econômica de substituir cargueiros menos eficientes”, disse Ihssane Mounir, vice-presidente sênior de Vendas e Marketing da Boeing. “Ao trabalhar com nossos parceiros para aumentar a capacidade de conversão de cargueiros, esperamos atender à forte demanda neste segmento de mercado e ajudar nossos clientes a ampliar suas operações.”
A nova linha de conversão na China é uma parceria da Boeing com a Guangzhou Aircraft Maintenance Engineering Company Limited (GAMECO). A fabricante informou que a planta será inaugurada no início de 2021.
Até o momento, a Boeing entregou 36 cargueiros 737-800BCF para mais de 10 operadoras em quatro continentes. O primeiro avião foi modificado na China em 2017, pela Shanghai Aviation Services, outra empresa chinesa parceira da Boeing.
“A adição da nova linha de produção demonstra nossa capacidade de responder rapidamente às tendências e requisitos do mercado e é uma prova da habilidade e profissionalismo de toda a equipe GAMECO-Boeing”, disse o gerente geral da GAMECO, Norbert Marx.
A Boeing também adicionará uma segunda linha de conversão do cargueiro widebody convertido 767-300BCF, nas instalações da ST Engineering em Singapura. A segunda linha está programada para abrir ainda este ano. A empresa singapurente também é parceira da Airbus no programa P2F, que modifica jatos da família A320 em cargueiros.
“Nosso forte pool de talentos, flexibilidade operacional e infraestrutura existente nos permitem adaptar rapidamente às necessidades do mercado em evolução e fornecer o suporte necessário aos nossos parceiros e clientes”, disse Lim Serh Ghee, presidente da ST Engineering.
Nova/Velha safra de cargueiros
Aviões como o 737 são construídos para serem utilizados no transporte de passageiros por mais de 30 anos. Apesar dos longos currículos, muitos desses jatos podem ser reaproveitados no setor de carga.
Atualmente, o 737 de carga mais comum no mercado são os modelos baseados na geração conhecida como “Classic”, fabricada pela Boeing entre 1984 e o ano 2000. São aviões que já começam a sentir o peso da idade e em breve serão desativados e substituídos por “novos” cargueiros.
A conversão dos 737 Next Generation mais antigos para a nova função é uma tendência natural na aviação, sobretudo pela oferta de aeronaves: a Boeing fabricou mais de 6.500 unidades do 737 NG na versão de passageiros, introduzida em 1997 e encerrada neste ano.
Curiosamente, a Boeing não foi a primeira empresa a converter um 737 NG para a versão de carga. Em 2016, a Israel Aerospace Industries (IAI) entregou o primeiro 737-700NG de carga para a companhia Alaska Airlines.
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