Pilotos dos chamados “aviões embarcados”, capazes de pousar e decolar em porta-aviões, estão entre os mais habilidosos e audazes no mundo da aviação. São aviadores que treinam até a exaustão para alcançar os níveis de perícia necessários para aterrar ou se lançar com uma aeronave do convés de um navio-aeródromo. Esses profissionais, no entanto, em um futuro não muito distante devem trocar a cabine de seus caças por salas de controle remoto de drones.
A Boeing apresentou em dezembro de 2017 o protótipo MQ-25 Stingray (Arraia), aeronave não-tripulada desenvolvida para competir em um novo programa da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). O objetivo é projetar um drone para ser usado na tarefa de reabastecimento aéreo de outras aeronaves, operação hoje realizada pela marinha norte-americana com caças F/A-18 Hornet adaptados com tanques de combustível auxiliares.
Segundo a Boeing, o MQ-25 é o “sistema de aeronave não-tripulada mais adequado para o reabastecimento de jatos da Marinha dos EUA que operam a partir de porta-aviões”. Como explicou a fabricante, o drone poderá se integrar perfeitamente com os mecanismos de catapulta de lançamento e recuperação de aeronaves de porta-aviões.
“A Boeing vem entregando aviões navais para a Marinha por quase 90 anos”, disse o Don Gaddis, um almirante aposentado da Marinha dos EUA que lidera o programa do sistema de reabastecimento para a organização de tecnologia Phantom Works da Boeing. “Nossa experiência nos dá confiança em nossa abordagem. Estaremos prontos para testes de voo quando o contrato de desenvolvimento de engenharia e fabricação for premiado”.
A Boeing divulgou que está trabalhando em testes com o motor do MQ-25 antes de enviá-lo a pista para demonstrações de manobras em solo, previstas para o início deste ano. A fabricante, no entanto, ainda não apontou uma data para o voo inaugural do drone.
Competição entre fabricantes
A Boeing não é a única fabricante que disputa o programa da Marinha por um reabastecedor aéreo não-tripulada. A projeto lançada em outubro de 2017, também recebeu propostas da Lockheed Martin, General Atomic e da Northrop Grumman, que posteriormente se retirou da competição.
A Lockheed Martin entrou na disputa com o conceito “Sea Ghost” baseado no drone RQ-170 Sentinel, em operação desde 2007 e até hoje com poucas informações reveladas. O Sentinel é operado pela Força Aérea dos EUA (USAF) no combate a terroristas e operações de vigilância e espionagem no Oriente Médio.
A General Atomics compete no programa com o “Sea Avenger”, outro conceito de drone naval também baseado em um projeto já em operação, o MQ-9 Reaper, operado pela USAF e as forças armadas do Reino Unido e Itália.
Já a desistência da Northrop Grumman surpreendeu pelo fato da fabricante ser a que possui a maior experiência no desenvolvimento de aeronaves navais não tripuladas. Entre 2003 e 2011, a empresa realizou diversos testes de voo com o X-47B Pegasus, o primeiro drone a pousar e decolar a partir de porta-aviões.
Veja mais: Brasil participa pela primeira vez de reunião de usuários do caça Gripen