A Boeing deverá anunciar nesta semana que concentrará toda a produção do jato 787 Dreamliner na fábrica de North Charleston, na Carolina do Sul. A informação foi revelada pelo jornal The Wall Street Journal citando fontes internas. Com isso, a maior unidade fabril da companhia, em Everett, ficará praticamente às moscas.
A unidade produz os widebodies da Boeing há mais de 50 anos, mas perdeu espaço para a nova fábrica no sul do país. Desde então, ela tem dividido a produção do 787 já que outros modelos de grande porte têm apenas poucas unidades encomendadas.
Enquanto o 747 está na reta final de montagem dos últimos exemplares cargueiros, o 767 depende de um pedido de aviões-tanque KC-46 da USAF. A unidade também produz o 777, mas o jato também teve seu ritmo de produção reduzido a apenas três unidades mensais.
Fábrica da Carolina do Sul problemática
De um volume mensal de 15 aviões, Everett passará a produzir somente cinco jatos por mês em suas imensas instalações. A Boeing já havia admitido eliminar uma linha de montagem desde que iniciou cortes de custos para reduzir prejuízos causados pelo desaquecimento do mercado de aviões comerciais.
A fábrica de Charleston, inaugurada em 2012, leva vantagem pelos custos de produção menores, já que os empregados não são sindicalizados como em Washington. A fábrica da Carolina do Sul também monta o 787-10 com exclusividade.
Por outro lado, a nova fábrica tem sido alvo de problemas seguidos que envolvem processos industriais. Segundo relatos internos, clientes da Boeing têm preferido receber jatos de Everett por receio da baixa qualidade do trabalho em North Charleston. Foi nessa unidade que surgiram os recentes problemas com a estrutura em material composto do 787 e que obrigaram a fabricante a inspecionar centenas de jatos entregues no ano passado.
Produção da Boeing encolheu
Após um período de seguidos problemas diante de tantas inovações que trouxe para a aviação comercial, o 787 passou a ter uma grande procura de empresas aéreas. A demanda motivou a Boeing a produzir o jato em dois locais diferentes, elevando seu ritmo de montagem para 14 aeronaves mensais, sete em cada um das fábricas.
No entanto, os primeiros sinais de desaquecimento no mercado de aviões de longo curso fez a companhia reduzir o ritmo de fabricação no ano passado. A guerra comercial entre os EUA e a China também fez as empresas aéreas chinesas suspenderem potenciais encomendas. Por fim, a pandemia obrigou a Boeing a cortar ainda mais a produção para apenas seis aviões a partir de 2021.
O anúncio, previsto para esta quinta-feira, deve provocar protestos de empregados em Everett assim como de políticos do estado de Washington diante da iminente perda de vagas de trabalho.
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