Na lista de 50 aviões comerciais entregues pela Boeing em 2020 divulgada nesta semana constavam duas unidades de um modelo pouco falado atualmente, o 737-800NG. Os jatos foram entregues para a China Eastern Airlines em 5 de janeiro e marcaram o fim de carreira da série Next Generation na aviação comercial.
Foram pouco mais de 22 anos em produção desde que a Boeing entregou o primeiro avião, um 737-700, para a Southwest Airlines em 17 de Dezembro de 1997. E quase 7.000 aeronaves produzidas nesse período.
Os dois aviões entregues neste ano, e que receberam a pintura da low-cost China United Airlines, no entanto, não foram os últimos produzidos pela Boeing em Renton. Esse mérito coube a um 737-800 destinado à KLM, mas pertencente ao Bank of Communications Leasing, e que voou para a Holanda em 18 de dezembro do ano passado.
Entre os vários modelos do 737NG oferecidos pelo fabricante dos EUA, o mais popular com ampla margem foi o 737-800 que teve quase 5.000 unidades produzidas. Já o maior fracasso da série foi sem sombra de dúvidas o 737-600, menor deles e capaz de transportar apenas 123 passageiros em classe única – apenas 69 unidades foram montadas.
No Brasil, o 737NG foi adotado pela Gol como seu avião mais importante. A companhia aérea brasileira possui em sua frota 123 unidades da série, 100 deles do modelo 737-800, mas no total passaram por sua frota cerca de 180 aeronaves.
Sucessor problemático
Quando foi anunciado, no início dos anos 90, o 737 NG era uma resposta ao A320, jato da Airbus surgido alguns anos antes e que começava a incomodar a Boeing. Para fazer frente ao rival europeu, a fabricante concebeu uma nova asa, maior e capaz de transportar mais combustível. Também atualizou seus aviônicos e cabine de passageiros, além de introduzir turbofans mais eficientes.
A solução funcionou muito bem e o 737 manteve-se competitivo no mercado, batendo recordes de encomendas. Tanto foi assim que a Boeing arriscou uma nova atualização em 2011, o 737 MAX.
Parecia que seria uma repetição do bem sucedido NG, porém, a nova série tem apresentado diversos problemas que culminaram com seu aterramento há um ano, após dois acidentes fatais, e repercussão já mais do que conhecida.
Embora tenha uma carteira de pedidos respeitável, que somavam 4,740 aviões em março, o 737 Max só tem 387 unidades entregues até o momento. Diante do cenário desanimador no transporte aéreo, esses números só tendem a cair nos próximos meses.
Curiosamente, o 737NG morreu, mas segue vivo: se na aviação comercial sua carreira está encerrada, as versões militares como a P-8, utilizada em patrulhamento marítimo, segue ativa e em produção, para alívio da Boeing.
Veja também: Gol reduz encomenda do 737 Max em 34 aviões