Em um oceano de más notícias reveladas durante a apresentação dos resultados da empresa em 2019, a Boeing confirmou que reduzirá de fato a produção do 787 Dreamliner. Atualmente são produzidos 14 aeronaves por mês, mas esse volume será cortado para 12 aviões no final deste ano e apenas 10 unidades no ano que vem “com base no ambiente atual e nas perspectivas de mercado de curto prazo”, afirmou.
A fabricante já havia sinalizado essa intenção anteriormente, mas admitia que a meta de 12 unidades por mês seria suficiente. No entanto, o panorama para o jato avançado é mais grave do que se previa diante do acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, de onde a Boeing esperava por muitas encomendas. A empresa tem esperança de retomar o ritmo de 12 aeronaves mensais a partir de 2023.
O 787 é produzido em duas linhas de montagem, em Everett e também na unidade de North Charleston, no estado da Carolina do Sul, cada uma delas responsável por metade da produção. Não se sabe se a Boeing reduzirá de forma idêntica ambas ou se dará preferência a uma delas.
Segundo o site da empresa, há 546 unidades pendentes de entrega – 346 do 787-9, 144 do 787-10 e 56 do 787-8, menor variante do modelo. Mas a lista inclui clientes como a Jet Airways, que parou de voar em 2019 e cujo retorno ao serviço depende da venda do seu espólio para outro grupo, o que parece ser pouco provável.
A maior ameaça, entretanto, é o mercado chinês, que tem consumido boa parte da produção do Dreamliner. Dos 109 aviões encomendados, apenas 12 ainda não foram entregues, mas é na ausência de novos pedidos que reside o drama da Boeing. As últimas encomendas chinesas foram realizadas em 2017 e de forma modesta – somente 13 jatos.
Ou seja, já são quase três anos sem um mísero pedido da China, o que parece fora de questão diante das incertezas criadas pelo presidente Donald Trump em sua cruzada contra o impacto da indústria chinesa sobre os Estados Unidos.
Salvador da pátria
Apesar dessas incertezas, o 787 tem sido uma exceção positiva para a Boeing. Em 2019, o modelo liderou as entregas e encomendas da fabricante norte-americana, afetadas pelo aterramento do 737 Max. Foram 158 jatos entregues, ou 42% do total de aviões comerciais da empresa. Os pedidos no ano passado chegaram a 110 unidades, ou 74 aviões, descontados os cancelamentos.
A Emirates fez a maior encomenda de 2019, com 30 unidades do 787-9, mas Korean Air e Lufthansa também ampliaram seu backlog, com 20 aviões cada. A maior novidade foi a companhia aérea vietnamita Bamboo Airways, ampliou seu pedido de Boeing 787-9 de 20 para 30 aviões.
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