Após a Airbus tornar-se sócia da Bombardier no segmento de jatos comerciais era questão de tempo para que a Boeing contra-atacasse. E, como o Airway havia previsto na época, a Embraer seria a escolha natural da fabricante norte-americana.
Nesta quinta-feira (21), o jornal Wall Street Journal revelou que a Boeing estaria discutindo a aquisição da empresa brasileira ou, pelo menos, da sua divisão de jatos regionais, a mais bem sucedida até hoje. No entanto, no início da noite a Embraer e a Boeing divulgaram uma curta nota em conjunto reconhecendo a negociação, porém, evitando termos mais claros – ambas têm ações na bolsa e por isso não podem publicar fatos relevantes sem prévio aviso.
“A Boeing e a Embraer confirmaram hoje (21) que as empresas encontram-se em tratativas em relação a uma potencial combinação de seus negócios, cujas bases ainda estão em discussão. Não há garantias de que estas discussões resultarão em uma transação. Embraer e Boeing não pretendem fazer comentários adicionais a respeito das discussões. Qualquer transação estará sujeita à aprovação do Governo Brasileiro e agências reguladoras do Brasil, bem como dos respectivos conselhos e dos acionistas da Embraer”, diz o comunicado.
Mesmo assim, o governo Temer, que possui ações da Embraer e poder de veto por questões estratégicas, se apressou em afirmar, segundo o jornal Folha de São Paulo, que a empresa não será vendida se depender dele. As ações da Embraer chegaram a disparar 23% após a notícia circular no mercado financeiro.
Escolha natural
A investida da Boeing era esperada pelos analistas após o movimento da Airbus sobre a Bombardier. As quatro fabricantes dominam com larga margem o mercado de aeronaves comerciais no mundo há anos. Enquanto Boeing e Airbus disputam palmo a palmo o segmento acima de 130 assentos, a Embraer tem levado vantagem em relação aos canadenses com a família E-Jet, lançada no início do século e em serviço desde 2004. Já são mais de 2 mil aviões produzidos deste então, ocupando o nicho entre 70 e 130 lugares.
Até então, a concorrência entre ambas era mais equilibrada e pendendo para a Bombardier que optou por responder ao movimento brasileiro com uma nova família de jatos maiores que os da Embraer e que passaram a competir por clientes da Boeing e Airbus. Isso motivou o grupo europeu a comprar parte da divisão dos jatos CS100 e CS300 e assumir sua comercialização em conjunto com seus próprios aviões.
A jogada de mestre colocou não só a Boeing como a Embraer nas cordas. Como competir com o “pacote” de europeus e canadenses? Para os americanos, as opções são limitadas. Além da Embraer, existem algumas fabricantes como a japonesa Mitsubishi e empresas da China e Rússia, todos eles ainda com clientela bastante restrita.
Rivais em comum
Além de todo os fatores favoráveis a união entre as duas empresas, que as deixaria numa situação semelhante aos dos concorrentes, há mais pontos em comum. A Boeing tem investido contra a Bombardier exigindo do governo americano taxas salgadas de importação para a CSeries que levou a melhor numa encomenda gigante da Delta Airlines. Já a Embraer voltou a protestar na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios do governo canadense à Bombardier que tornariam seus aviões mais vantajosos comercialmente.
Apesar da afirmação do jornal americano, parece pouco provável que a Embraer seja absorvida pela Boeing. A empresa é um raro caso de estatal privatizada com sucesso e cultiva uma imagem de tecnologia de ponta para o Brasil. Além disso, ela está à frente de alguns projetos estratégicos para a Força Aérea Brasileira como o jato cargueiro KC-390 e o caça Gripen NG, na qual é parceira da Saab.
O que parece mais sensato é alguma parceria ou sociedade apenas na família E-Jet, que está prestes a entrar em serviço na segunda geração, mais eficiente e moderna. Assim as duas empresas repetiriam o mesmo formato comercial de Airbus e Bombardier. Nesse sentido, o negócio poderia abir um mercado sem paralelo para a companhia brasileira. É pegar ou largar.
Veja também: Tecnologias desenvolvidas no Brasil vão equipar novos aviões da Boeing
Negativo, sou contra qualquer união da Embraer com qualquer empresa estrangeira. Devemos continuar a caminhar e aprender, desenvolver com nosso próprios méritos. Ernesto
Negativo, sou contra qualquer união da Embraer com empresas estrangeiras.
Muito bom. A carteira das empresas se complementam. A Boeing não produz jatos regionais nem executivos. A Embraer entra de sola no mercado de defesa e já coloca o KC 390 e o Super Tucano como poderosos concorrentes para as forças armadas americanas e seus aliados.
Ótima matéria. Acredito que a sinergia ou parceria entre as duas empresas só trará benefícios para ambas.
Só não concordo com a parte do texto que diz que a Embraer é um raro caso de estatal privatizada que obteve sucesso. Essa, na verdade, é a regra de todas as privatizações – as empresas crescem, se tornam mais importantes e rentáveis (tantos para os compradores como para o povo pois empresas mais rentáveis pagam mais impostos). Um exemplo é o caso da Vale que hoje paga mais muito mais imposto ao estado do que o lucro que tinha (ajustado pela inflação).
Abraço
Questão de sobrevivência……
Na minha modesta opinião, os russos e chineses estão batendo as portas. E quando chegarem vão entrar para arrebentar, principalmente os chineses. Então seria vantajosa a associação da Embraer com a Boeing, não como venda, mas associação(compra de mercado) com a garantia de continuar estabelecida no Brasil e manutenção dos empregos no Brasil. A Embraer no final das contas é uma montadora(lógico que tem suas tecnologias e desenvolvimentos), pois tudo vem de diversos países e é montado aqui. Ela teria um acesso ainda maior ao mercado americano(que convenhamos é o maior de mundo), abriria um enorme espaço para aeronaves militares como o Tucano e o KC-390. Por outro lado a Boeing aumentaria o seus mix com aeronaves de médio porte e entraria com os “dois pés no peito” da Airbus. Seria uma associação maior do que a Airbus/Bombardier, onde o mais provável é a Airbus com o tempo canibalizar a canadense. Se a Embraer e o Governo(que tem que manter sua parte no negócio/golden-share) não toparem o negócio, a Boeing vai se associar aos chineses ou russos, e aí? ByByBy Embraer! Vai ser só uma questão de tempo!
Era óbvio que isso ocorreria…Boeing e Embraer possuem várias parcerias, e a linha de E|Jets seria o complemento ideal para fazer frente ä dobradinha da Airbus e Bombardier. E que tranquilizem-se os alarmistas de plantão, o interesse é somente nessa linha – aviação militar não parecer ter interesse algum de ambas as partes. Um acordo nos moldes do feito entre canadenses e europeus parece ser o melhor caminho.
Questão de sobrevivência, foi uma manobra entre a Airbus e a Bombardier, para vender aviões regionais nos Estados Unidos, já que os aviões da Bombardier, foram tarifado em 300% no mercado Norte-americano; e que agora serão produzidos nos Estados Unidos, livrando da pesada taxa.
Na minha visão, a fusão das duas empresas será concretizada de qualquer maneira, se não ocorrer tanto a Boeing quanto a Embraer perderão um segnificativo mercado. A Airbus é a maior fabricante de aviões, deixou o Boeing ainda mais atrás, e hoje a Embraer que tem o maior fatia do mercado em seu segmento pode perder o seu posto.
Infelizmente corremos o risco de deixar de produzir aviões no país, devido às altas cargas tributária e complexidade do Brasil.
no
União perfeita, seria ótimo para 2 empresas ainda mais para a área militar da Embraer em relação a outros KC