A Boeing planeja realizar um novo voo de certificação com o jato 777X nesta quinta-feira, 23, adianta o perfil do Twitter Paine Airport, que acompanha o movimento de aeronaves nas plantas da fabricante. De acordo com a página, a aeronave “777-9 N779XW tem programado um voo de checagem funcional no aeroporto Boeing Field em 23 de abril”. Desde o começo do mês, as atividades na chamada área Puget Sound, que inclui as unidades de Seattle, Renton e Everett, estavam suspensas, porém, a empresa está retomando parcialmente os trabalhos.
Após diversas problemas, o 777X realizou seu voo inaugural em 25 de janeiro com a aeronave de teste WH001. A Boeing tem ainda outros três protótipos do jato, prefixos N779XX, N779XY, N799XZ, sendo preparados para participar da campanha de testes.
A crise mundial do coronavírus, no entanto, atrasará ainda mais o programa que estimava obter a certificação das agências FAA e EASA em 2021 e entregar o primeiro avião para a Lufthansa no final do ano que vem.
Com capacidade para transportar mais de 420 passageiros em duas classes, o 777-9 é o maior jato de passageiros de dois motores já criado. Seu alcance é de 15.185 km, o que o torna apto a voar praticamente de quase todos os destinos internacionais do planeta.
Possíveis desistências
Segundo a Boeing, o 777X é 20% mais econômico que um A380 e 10% mais eficiente que seu rival direto, o A350-1000. Até o momento, a fabricante afirma ter 330 encomendas de oito clientes, porém, rumores apontam que alguns deles planejam cancelar ou mudar seus pedidos.
Um deles pode ser a Cathay Pacific, companhia aérea de Hong Kong que fez um pedido por 21 777-9 em 2013. Segundo fontes do jornal The Seattle Times, a empresa decidiu alongar contratos de leasing de seus 777-300ER que seriam substituídos pelo novo avião.
A queda brutal do preço do petróleo é um sintoma que pode colocar em risco todo o programa 777X. Com combustível mais barato, as vantagens de um jato novo e mais eficiente são reduzidas significativamente. Entre adquirir uma aeronave nova de US$ 400 milhões e um jato usado por US$ 50 milhões, é preciso que a vantagem na redução dos custos operacionais seja imensa.
O provável excesso de oferta de jatos usados no mercado diante da esperada redução no tráfego aéreo de passageiros também é uma ameaça que paira sobre as mentes dos executivos da Boeing. Nesse cenário, o 777X parece ser uma enorme dor de cabeça para a empresa.
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