Em busca de novas formas para voar mais rápido e alcançar o espaço, a Boeing anunciou nesta semana um investimento na Reaction Engines, empresa com sede em Oxfordshire, no Reino Unido, que desenvolve “super-motores” e tecnologias que podem contribuir para a próxima geração de veículos espaciais e de voo hipersônico.
A fabricante norte-americana participa da rodada de financiamento por meio da divisão Boeing HorizonX Ventures, que estuda novas tecnologias, em parceria com a Rolls-Royce e a BAE Systems. Ao todo, a Reaction Engines vai receber US$ 37,3 milhões (cerca de R$ 127,2 milhões).
Fundada em 1989 por engenheiros de propulsão, a Reaction Engines desenvolve projetos técnicos de equipamentos avançados de troca de calor, motores de alta tecnologia e os veículos em que poderiam ser usados. De acordo com a empresa britânica, esses recursos são a chave para a criação de uma aeronave de alta velocidade para voos até o espaço com desempenho econômico e sustentável.
A empresa do interior da Inglaterra é conhecida no meio aeroespacial pelo motor SABRE (sigla em inglês para “Motor de Foguete de Respiração Sinérgica”). O projeto é uma combinação de motor a jato com foguete desenvolvido para ser usado em voos hipersônicos na atmosfera e no espaço.
De acordo com a Reaction Engines, a primeira fase do motor pode levar uma aeronave em elevada altitude a mais de Mach 5 (cerca de 6.175 km/h), a barreira do voo hipersônico. Com os foguetes acionados, a velocidade sobe para até incríveis Mach 25 (30.850 km/h) em voos espaciais.
“A Reaction Engines desenvolve projetos avançados de propulsão que podem mudar o futuro das viagens aéreas e para o espaço. Esperamos alavancar essa tecnologia revolucinária e ajudar a Boeing na busca pelo voo hipersônico”, disse Steve Nordlund, vice-presidente da Boeing HorizonX.
Que motor é esse?
A Boeing estuda uma série de possibilidades de aplicação para voos hipersônicos, como a criação de aeronaves comerciais super velozes e mísseis hipersônicos. Outro projeto da empresa americana nesse campo é o desenvolvimento de um transportador espacial que dispensa o uso de um foguete lançador. O programa é um pedido da DARPA, a agência de pesquisas e projetos avançados dos Estados Unidos.
Para todos esses projetos é necessário um novo tipo de motorização e o modelo SABRE da Reaction Engines pode ser uma das soluções. Além dos dois modos de funcionamento em uma única célula, o motor da empresa britânica conta com um sistema de refrigeração de altíssima performance, capaz de resfriar o ar que passa pelo propulsor em alta velocidade de 1.000° Celsius para -150° em menos de um vigésimo de segundo.
A empresa diz que sua invenção é um “breakthrough”, palavra em inglês para algo como uma importante descoberta. A solução, de acordo com a companhia, impede o sobreaquecimento dos componentes do motor em altas velocidades de voo. A Reaction Engines afirma que essa tecnologia abre uma “nova era no voo de alta velocidades”, permitindo a criação de veículos espaciais que melhoram a acessibilidade e a capacidade de acessar o espaço.
E a Boeing não é a única interessada nas pesquisas da Reaction Engines. A empresa também já recebeu importantes investimentos do governo britânico e da ESA, a agência espacial europeia.
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