O preço pelos erros de gestão do passado continuam a ser pesadamente cobrados da Boeing. Em dados atualizados nesta terça-feira, 10, a fabricante norte-americana voltou a apresentar números decepcionantes em outubro, acumulando dois meses sem qualquer pedido na divisão de aviões comerciais. A empresa conseguiu entregar 13 jatos, dois deles para uso militar e cinco para o setor de cargas.
Por outro lado, a Boeing atualizou seu portfólio de pedidos do 737 MAX e viu o número encolher em mais 37 unidades. Com isso, o saldo de pedidos pendentes caiu para 3.320 aviões, uma redução no ano de nada menos que 1.043 jatos. Apenas como comparação, o rival A320neo possuía no mês passado um total de quase 6 mil aviões pendentes de entrega.
O drama da fabricante não se restringe ao problemático jato de corredor único. Também a outrora estrela da companhia, o 787 Dreamliner, sofre com atrasos nas entregas após problemas em sua fabricação. Ainda assim, a Boeing entregou quatro unidades do modelo no mês passado – um 787-8 para a American Airlines, dois 787-10 (Etihad e Saudi Arabian) e um 787-9 para a empresa de leasing Aercap.
A linha de jatos widebodies também padece da queda brutal na demanda dos voos de longo curso, o que tem afetado os planos de muitas companhias aéreas a ponto de a Boeing ter decidido reduzir e concentrar a produção do 787 na fábrica de North Charleston. Assim como o MAX, também o Dreamliner começa a ter unidades acumuladas em pátios esperando inspeções antes da entrega.
Sem conseguir entregar o 737 e o 787, resta pouco à Boeing no mercado de aviação comercial. Uma das exceções de outubro foi a entrega de um 777-300ER para a British Airways, por meio de leasing, além de um dos últimos 747-8F para a UPS.
Em contraste com a situação da rival, a Airbus tem conseguido ampliar seus números ainda de forma lenta, mas constante. A fabricante europeia terminou outubro com 72 aviões entregues, sendo 43 jatos da família A320, 12 A220, quatro A330, 12 A350 e um A380 (para a All Nippon Airways). A empresa também fechou a venda de outras 11 aeronaves, entre modelos A220, A320neo e A321neo.
O saldo de 2020 até outubro é amplamente favorável aos europeus: a Airbus acumula 308 pedidos e um backlog (total de pedidos pendentes) de 7.377 aviões. Já a Boeing possui 4.275 aeronaves pendentes e um saldo líquido negativo de 1.020 unidades.
A iminente liberação do 737 MAX para operação comercial nas próximas semanas deve finalmente mudar esse cenário desolador à medida que a Boeing conseguir dar vazão a centenas de jatos que estão prontos há meses. Resta saber se este será o fim do seu longo pesadelo.
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