O relatório de pedidos e entregas de novos aviões em julho divulgado pela Boeing nesta semana mostrou algo que já virou rotina. A fabricante norte-americana perdeu mais 43 encomendas pelos modelos da família 737 MAX no mês passado, elevando o total de cancelamentos neste ano para 398 aeronaves da série.
Considerando um padrão de contabilidade mais rígido e acrescentando as perdas registradas no ano passado, a Boeing agora soma um total de 857 cancelamentos de pedidos de 737 MAX. Principal produto da fabricante norte-americana, o jato de um corredor de nova geração segue proibido de realizar voos comerciais desde março de 2019 após dois acidentes fatais.
As maiores desistências de pedidos pelo MAX em julho partiram das empresas de leasing Alafco, com sede no Kuwait, e da irlandesa AerCap, que cancelaram a compra de 20 e 15 aeronaves, respectivamente. A lista de cancelamentos ainda inclui cinco aeronaves que haviam sido encomendadas pela companhia aérea Canada Jetlines, duas da empresa de leasing Avolon da Irlanda, e um modelo na versão executiva (BBJ MAX) cancelado por um cliente não identificado.
Além disso, a Boeing removeu nove aviões 737 MAX de sua carteira de pedidos para ajustar suas encomendas realizadas em anos anteriores, mas que dificilmente devem ser concretizadas devido às condições financeiras deficitárias de determinados clientes – que não não foram identificados.
Um mês para ser esquecido
A Boeing não recebeu um único pedido e entregou apenas quatro aviões em julho: um 767 (para a FedEx) e um 777 (para a DHL), ambos cargueiros, e dois 787 Dreamliner (uma para a Air France e outro para a Turkish Airlines).
A carteira de pedidos da Boeing caiu de 4.522 para 4.496 aeronaves, refletindo os 43 cancelamentos de 737 MAX. Até 31 de julho, a empresa entregou um total de 74 aviões no ano.
“Embora estejamos começando a ver o tráfego aéreo se recuperar em alguns mercados, a indústria da aviação continua lutando contra o impacto do coronavírus”, disse um porta-voz da Boeing. “Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com nossos clientes enquanto eles avaliam e ajustam os requisitos de suas frota nessas condições sem precedentes. Então, você verá esses desafios refletidos nos pedidos e entregas de julho.”
A fabricante reconheceu que a entrega de quatro aeronaves no mês passado foi resultado de três fatores, sendo dois deles relacionados a pandemia da Covid-19. Para preservar seus caixas neste momento de crise, clientes da Boeing estão adiando o recebimento de novos aviões, assim como as restrições de viagens ainda em vigor no mundo todo para reduzir a disseminação do vírus. Por último, mudanças nos cronogramas de produção devido a escassez de peças empurrar algumas entregas de julho para agosto.
Enfrentando duas crises ao mesmo tempo – o aterramento do MAX e o impacto da pandemia – a Boeing deve encerrar 2020 com um dos piores desempenhos de sua história, com pouco mais (ou menos) de 100 aeronaves entregues neste ano. É um desempenho muito distante do recorde da empresa anotado em 2018, quando entregou 806 aviões.
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