Como prometido, a Boeing revelou as primeiras informações a respeito do futuro jato comercial, hoje conhecido pela sigla NMA (New Midsize Airplane), mas que também apareceu numa apresentação como ‘Mid-Market Airplane’ (avião para o mercado intermediário, numa tradução livre). Para muitos observadores, estamos falando do 797, jato que ocupará a lacuna entre o 737 MAX 10 e o 787-8 a partir de 2025, segundo a empresa.
Na apresentação feita pelo executivo Mike Delaney, vice-presidente de desenvolvimento de aeronaves, a Boeing revelou até uma pequena imagem do birreator, mas sem grandes detalhes. Por ela, é possível notar que o NMA será um avião maior que um 737 mas realmente distante do que seria um 767 – lembra inclusive o finado 757, de corredor único.
Delaney foi enigmático ao revelar que a seção de fuselagem do novo jato será “híbrida”, o que foi entendido como tendo uma solução não circular, ou seja, com curvatura diferente na altura da cabine de passageiros e do porão de carga. O próprio 737 hoje utiliza uma fuselagem semelhante assim como os primeiros jatos da Douglas como o DC-8, mas no caso do hipotético 797 esse formato poderá ser achatado na base, algo hoje impossível com fuselagens com estrutura metálica.
Aí é que entra outra grande novidade do NMA, a construção quase que inteiramente em materiais compostos. Com essa opção, seria possível produzir uma seção com formato inusitado, algo que nos métodos convencionais é evitado por conta da pressurização da cabine. Ou seja, a Boeing poderá maximizar tanto o espaço para passageiros quanto o porão de cargas, o que pode se traduzir numa vantagem para o novo jato.
Alcance intercontinental
É um mudança e tanto na forma de projetar aviões comerciais, afinal nos últimos anos as fabricantes têm focado primeiro no porão de carga para depois pensar no “andar de cima”. Numa das lâminas da apresentação, Delaney enumera as características do projeto como ter alguma comunalidade com o 777 e 787, nova geração de motores super eficientes, arquitetura digital de última geração e asas de 5ª geração, além de um sistema de produção mais eficiente.
Os motores, por exemplo, deverão ter razão de derivação acima de 10 para 1, ou seja, um consumo ainda mais baixo que os atuais turbofans. Essa eficiência será capaz de permitir que o ‘797’ possa voar em rotas entre 5.000 km a até 10.000 km. Em outras palavras, será uma aeronave indicada para voos de alta demanda em rotas de médio alcance e também uma opção para destinos mais distantes e com fluxo de passageiros menor que o necessário para viabilizar um 787, por exemplo.
Em outra imagem da apresentação, onde está o único desenho do NMA, é possível ver que o novo jato está num mesmo patamar que o 757, com capacidade de cerca de 240 lugares em duas classes. A Boeing trabalha com uma faixa de assentos entre 200 a 270 lugares, dependendo da configuração.
O cronograma de desenvolvimento do ‘797’ prevê um longo caminho até que o novo jato comercial esteja operando. Se não houver atrasos e imprevistos, a Boeing fala em 2025, o que daria praticamente uma década entre o início dos estudos a entrega da primeira aeronave de produção. Até lá, muitas perguntas precisarão ser respondidas.
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