A produção do 737 MAX pode ser reativada até maio, informou a agência Reuters nesta semana citando fontes familiarizadas com o assunto. A linha de produção da aeronave em Everett, no estado de Washington, foi paralisada em janeiro após a Boeing ficar sem espaço para armazenar os mais de 400 jatos que construiu ao longo do último ano e que não podem ser entregues aos clientes.
Segundo a reportagem, o plano da Boeing para retomar a produção do 737 MAX depende do controle da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Nesta semana, a empresa suspendeu por 14 dias as atividades de todas as instalações em Washington. Um funcionário da fabricante, na unidade de Everett, morreu no último final de semana em decorrência da Covid-19 e outros 29 colaboradores testaram positivo para o vírus, de acordo com o The Seattle Times.
A Boeing também espera conseguir a nova certificação do 737 MAX até o segundo semestre deste ano e liberar os jatos do aterramento mundial, em vigor a há mais de um ano. O processo é acompanhado pelo FAA, a agência de aviação civil dos EUA, que precisa aprovar as correções de segurança realizadas na aeronave.
Investigações apontaram que os dois acidentes com o 737 MAX tiveram características parecidas. Ambos foram causados pelo mau funcionamento do sistema MCAS (sigla em inglês para “Sistema de Ampliação de Características de Manobra”), equipamento que deveria corrigir automaticamente a posição do avião em situações de instabilidade, mas que acabou literalmente forçando as aeronaves a um mergulho mortal. Além disso, os pilotos não eram treinados para lidar com essa pane.
Uma fonte do setor citada pela agência disse que a Boeing pediu para alguns fornecedores que estivessem prontos para enviar pelas do MAX em abril. Outra pessoa afirmou que a retomada da produção está programada para maio. Um terceiro indivíduo relatou que o controle da crise do coronavírus é decisivo na tomada de decisões da Boeing, que inicialmente planejava reativar a linha de montagem em montagem dos jatos em abril, mas, devido ao avanço da pandemia, o prazo foi adiado para maio.
“Será uma abordagem muito lenta, metódica e sistemática para aquecer a formação e colocar as equipes de volta ao lugar”, disse Greg Smith, diretor financeiro da Boeing, à Reuters na terça-feira, quando questionado sobre o objetivo de reativar a produção do 737 MAX em maio.
“A prioridade número um é recuperar as frotas dos clientes”, disse Smith, acrescentando que um aumento na produção deve ser iniciado quando a Boeing entregar as centenas de aeronaves construídas durante o aterramento. “Não queremos adicionar (mais aviões) ao inventário.”
A proibição dos voos comerciais com o 737 MAX levou a Boeing a sua pior crise em mais de 100 anos de atuação na indústria aeronáutica. Os números de entregas de aeronaves da fabricante desabaram no último ano e a credibilidade de seus produtos e a credibilidade da empresa foi colocada em xeque. Como resultado, houve uma debandada de clientes e cancelamentos de pedidos. Agora com a pandemia do Covid-19, a situação se agrava e recuperação deve ser ainda mais lenta e onerosa.
A Boeing está pleiteando uma ajuda de US$ 60 bilhões do governo dos EUA para sustentar suas finanças e cadeia de suprimentos durante e após a pandemia do novo coronavírus, que no melhor dos cenários deve ser controlada nos próximos três ou quatro meses.
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