A Boeing emitiu uma declaração nesta terça-feira (21) informando que o 737 Max deve ser liberado de seu aterramento até a metade deste ano. A fabricante disse que o prazo estimado pode ajudar os clientes e fornecedores da aeronave a planejar suas operações.
“Essa estimativa atualizada é informada por nossa experiência até o momento com o processo de certificação”, informou a Boeing. Cuidadosa com as palavras, a fabricante explicou de uma forma complicada que a liberação do avião “está sujeita a tentativas contínuas de abordar os riscos do cronograma e outros desenvolvimentos que possam surgir em conexão com o processo de certificação”. Resumindo, o retorno do avião pode atrasar caso surjam mais problemas.
A fabricante ainda reforçou que todas as etapas de revisão na aeronave estão sendo acompanhadas de perto pelas autoridades reguladoras e a comissão de pilotos do 737 Max que vai determinar os novos requisitos de treinamento.
“Devolver o MAX com segurança ao serviço é a nossa prioridade número um, e estamos confiantes de que isso acontecerá. Reconhecemos e lamentamos as dificuldades contínuas que o aterramento do 737 MAX trouxe a nossos clientes, reguladores, fornecedores e o público em geral”, acrescenta a Boeing na declaração.
Mais informações sobre o retorno do 737 Max serão divulgadas durante a apresentação dos resultados financeiros trimestrais da Boeing, na próxima semana, finalizou a fabricante.
O retorno do 737 Max deve começar nos EUA, onde o avião deve ser homologado (novamente) pelo FAA, a agência federal de aviação civil no país. Em comunicado, a entidade afirmou que estão seguindo “um processo completo e deliberado para verificar se todas as modificações propostas no Boeing 737 Max atendem aos mais altos padrões de certificação”, acrescentando que “não estabelecemos um prazo para quando o trabalho será concluído.”.
No final de 2019, o FAA reclamou que a Boeing estava pressionando a agência ao divulgar periodicamente prazos sobre o retorno do 737 Max e pediu que encerrasse essa prática.
Anteriormente, a Boeing e operadores previam que o 737 Max pudesse voltar ao mercado até o primeiro trimestre. Empresas dos EUA, como American Airlines e Southwest Airlines, marcaram voos com a aeronave para março, mas depois voltaram em suas decisões.
Um funcionário da Boeing não identificado ouvido pelo jornal The Seatle Times, disse que o comando da empresa está confiante sobre o retorno do 737 Max até o meio do ano e por isso sentiu a necessidade de divulgar a estimativa. A mesmo pessoa ainda disse que a fabricante está aprendendo com paralisação da aeronave, mas afirmou que o processo de certificação “está demorando mais do que o previsto por nós (da Boeing)”.
Dois acidentes em cinco meses
Em outubro de 2018, um 737 Max 8 da Lion Air caiu no mar da Java momentos após decolar de Jacarta, na Indonésia. O acidente deixou 189 mortos. Cinco meses depois, em 10 de março de 2019, outro jato do mesmo tipo, operado pela Ethiopian Airlines, caiu na região de Addis Abeba, na Etiópia, matando todos os 157 ocupantes a bordo. Nesse mesmo dia, agências de aviação internacionais e companhias aéreas iniciaram a paralisação da aeronave.
As investigações apontaram o mau funcionamento do software de voo MCAS do 737 Max como o principal causa das tragédias. O programa foi projetado para compensar a mudança no centro de gravidade da aeronave, que tem motores maiores e por isso tende a apontar o nariz para o alto. Para controlar essa situação, o equipamento corrige a trajetória do jato com controles automáticos, forçando o avião para baixo. Nos jatos da Lion Air e Ethiopian Airlines, o sistema atuou de forma incontrolável e os pilotos não eram treinados para lidar com a falha.
Retorno com novo nome
Executivos da aviação vem apelando para a Boeing mudar o nome do 737 Max enquanto prepara o retorno do avião ao mercado. A medida pode ser uma estratégia para reduzir a rejeição do público do avião, hoje o produto da Boeing com mais pedidos (mais de 5.000) e fundamental para manter a saúde financeira da fabricante.
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