O que antes poderia ser um dos maiores grupos aeroespaciais do mundo, agora pode se tornar um enorme embaraço judicial. Segundo a agência Reuters, a Boeing entrou na justiça com um processo de arbitragem contra a Embraer devido ao cancelamento do acordo de joint venture entre as duas empresas, no qual os americanos assumiriam 80% da divisão de aviação comercial da empresa brasileira por US$ 4,2 bilhões. A parceria também previa a criação de um segundo empreendimento na área militar para promover o cargueiro C-390 Millennium no mercado internacional.
A ação da fabricante com sede em Chicago soa como uma forma de dar o troco na Embraer, que após a ruptura do acordo informou no final de abril que entraria na justiça contra a Boeing para pedir reparações pelo fim da parceria que nunca foi efetivada. Até o momento nenhuma das empresas comentou sobre o assunto.
A decisão de cancelar a criação da joint venture partiu da Boeing, que interrompeu as negociações com a fabricante brasileira na data limite para sua ratificação, em 24 de abril. Na época, os americanos acusaram a Embraer de não atender as condições necessárias para concluir o acordo.
Depois de ser surpreendida com o comunicado da Boeing, a Embraer divulgou uma nota dura acusando a empresa dos EUA de “fabricar falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de U$ 4,2 bilhões”.
A desistência da Boeing em não dar continuidade a parceria saiu caro para a fabricante brasileira. Enquanto preparava a divisão de seus negócios, a Embraer concedeu férias remuneradas aos funcionários em janeiro e investiu na construção de um novo escritório de engenharia em São José dos Campos (SJC), pois a sede principal da empresa localizada no mesmo município seria assumida pelos americanos. Ainda nesse meio tempo, a Embraer Aviação Executiva transferiu a produção de jatos executivos de SJC para Gavião Peixoto.
Em teleconferência realizada nessa segunda-feira, 1, o presidente e CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que a decisão de colocar os funcionários em férias para finalizar os detalhes da joint venture com a Boeing foi em grande parte responsável pela perda de US$ 292 milhões nas receitas da empresa no primeiro trimestre de 2020.
Veja mais: Presidente da Embraer cita China e Índia como potenciais parceiros