A Boeing decidiu jogar um pouco de luz em sua carteira de pedidos de aeronaves comerciais. A fabricante dos EUA andava resistente a expor a quantidade de encomendas de algumas famílias divididas por variantes, mas agora disponibilizou uma nova tabela em seu site com os chamados “modelos menores”.
Nela, jatos como o 737 MAX e o 777X aparecem com números separados por versões, trazendo mais transparência ao mercado. Ainda não é a situação ideal já que as tabelas de encomendas e entregas seguem sem detalhar as aeronaves, mas não deixa de ser um alento.
A informação mais relevante diz respeito aos jatos 737 MAX e que mostra que a variante 737-8, primeira a entrar em serviço e usada pela Gol no Brasil, domina os pedidos da série. São 5.062 aeronaves ou 70% dos pedidos brutos.
A versão 737-10 vem em seguida com 918 encomendas, mostrando que o maior jato da família possui uma grande demanda. Há ainda 469 pedidos para o 737-8-200 (versão de alta densidade), 420 para o 737-9 e apenas 325 737-7, o menor modelo e próximo a ser certificado.
A família 777X, por sua vez, tem 420 pedidos brutos, 322 dos quais para o 777-9, o primeiro que será certificado. A Boeing também negociou 55 cargueiros 777-8F e 43 777-8, de passageiros.
Mas é justamente esse dado que chama a atenção. A empresa informa apenas três tipos de dados, pedidos brutos, entregas e entregas pendentes.
Portanto, a somatória de entregas e aeronaves pendentes de entrega traça um panorama mais realista em que o 777-8 possui apenas oito aeronaves encomendadas.
O dado coincide com a informação de que a Emirates Airline desistiu de receber 16 dessas aeronaves, as substituindo pelo 777-9. Restariam então os oito aviões encomendados pela Etihad em 2013.
Pedidos brutos vs pedidos líquidos
Uma comparação interessante com os dados mostra a relação entre pedidos brutos e líquidos. A Boeing possui 17.101 pedidos brutos, mas apenas 14.513 pedidos líquidos, ou 85% do total.
Há casos de modelos em que a relação é de 100%, ou seja, o total bruto é de fato o número de aviões pendentes, como ocorre com o 777-8F, mas isso é raro. Outros casos envolvem aeronaves de uso militar, cujo acordo comercial é mais sólido – o 737-800A (avião de patrulha P-8A) e o 767-2C (avião-tanque KC-46A) estão nessa situação.
Por outro lado, o cargueiro 767-300F possui 279 pedidos brutos, mas na soma entre entregas e aviões pendentes chega a 280 unidades, um possível erro aritmético.
O dado mais curioso, no entanto, se refere ao 737-8. Se por um lado é o “modelo menor” mais numeroso da lista, o jato tem a maior lacuna entre pedidos brutos e líquidos, nada menos que 2.751 aeronaves, ou 26,6% do total.
Veja abaixo os dados compilados por Airway:
Família | Variante | Pedidos brutos | Pedidos líquidos | Entregas | Entregas pendentes | Brutos/Líquidos |
---|---|---|---|---|---|---|
Boeing 737 NG | 737-800 | 5.455 | 5.014 | 5.012 | 2 | 91,9% |
737-800A | 191 | 191 | 174 | 17 | 100,0% | |
Subtotal | 5.646 | 5.205 | 5.186 | 19 | 92,2% | |
Boeing 737 MAX | 737-7 | 325 | 297 | 0 | 297 | 91,4% |
737-8 | 5.062 | 3.716 | 965 | 2.751 | 73,4% | |
737-8-200 | 469 | 468 | 124 | 344 | 99,8% | |
737-9 | 420 | 324 | 187 | 137 | 77,1% | |
737-10 | 918 | 810 | 0 | 810 | 88,2% | |
Subtotal | 7.194 | 5.615 | 1.276 | 4.339 | 78,1% | |
Boeing 767 | 767-2C | 138 | 138 | 75 | 63 | 100,0% |
767-300F | 279 | 280 | 234 | 46 | 100,4% | |
Subtotal | 417 | 418 | 309 | 109 | 100,2% | |
Boeing 777 | 777-300ER | 880 | 837 | 832 | 5 | 95,1% |
777F | 348 | 319 | 250 | 69 | 91,7% | |
Subtotal | 1.228 | 1.156 | 1.082 | 74 | 94,1% | |
Boeing 777X | 777-8 | 43 | 8 | 0 | 8 | 18,6% |
777-8F | 55 | 55 | 0 | 55 | 100,0% | |
777-9 | 322 | 300 | 0 | 300 | 93,2% | |
Subtotal | 420 | 363 | 0 | 363 | 86,4% | |
Boeing 787 | 787-8 | 668 | 424 | 393 | 31 | 63,5% |
787-9 | 1.276 | 1.115 | 595 | 520 | 87,4% | |
787-10 | 252 | 217 | 84 | 133 | 86,1% | |
Subtotal | 2.196 | 1.756 | 1.072 | 684 | 80,0% | |
TOTAL | 17.101 | 14.513 | 8.925 | 5.588 | 84,9% |