Após suspender o desenvolvimento do NMA (New Midsize Airplane, ou novo avião de média capacidade) no início do ano, a Boeing voltou a sondar o mercado sobre um futuro jato de passageiros capaz de ocupar o nicho entre o 737 e o 787, revelou o The Wall Street Journal na quarta-feira, 21.
Segundo uma fonte do jornal, a fabricante está conversando com alguns potenciais clientes, sobretudo empresas de leasing, e também fornecedores a respeito de uma aeronave de corredor único com capacidade entre 200 a 250 assentos. A descrição coincide com o 757, jato de fuselagem estreita que foi produzido entre 1983 e 2004 e é considerado um “carregador de piano” por muitos de seus operadores.
O hipótetico avião usaria motores turbofans mais eficientes para se aproximar da economia operacional de jatos mais novos, mas segundo a fonte do jornal, as conversas ainda estão num estágio inicial, longe de um possível lançamento do programa.
Airbus A321XLR sem rivais
O objetivo da Boeing é bastante óbvio, confrontar o A321XLR, variante de longo alcance da aeronave mais vendida da Airbus que já possui mais de 450 pedidos. Atualmente, a fabricante dos EUA não possui nenhum avião capaz de oferecer a mesma performace – o mais próximo disso é o 737 MAX 10, mas que leva menos passageiros e a uma distância bem inferior.
A iniciativa da Boeing em lançar um novo jato de média capacidade não é uma surpresa. A empresa já estuda uma solução para enfrentar a bem sucedida família A320, porém, ambicionava criar um novo segmento no mercado com o NMA, um jato widebody com capacidade entre 225 e 275 assentos e alcance transoceânico – e que foi apelidado de 797.
Mais tarde, a Boeing sondou o mercado com outro projeto, o FSA (Future Small Airplane), que também pode ser o fuuro substituto do 737, com capacidade entre 180 e 210 assentos.
Boeing 757 2.0
Utilizar a célula do 757 para desenvolver uma nova aeronave não parece uma má ideia. A Boeing já cogitou essa possibilidade há alguns anos, como forma de reduzir o investimento e oferecer rapidamente um produto a seus clientes. Se era questionável cinco anos atrás, atualmente essa hipótese parece vantajosa diante dos custos necessários para criar um avião do zero – algo em torno de US$ 15 bilhões além de anos de trabalho.
Com bom espaço interno, o 757 poderia receber novas asas, aviônicos avançados e aprimoramentos na cabine principal herdados do 787 e do 777X. Com motores turbofans mais eficientes, esse “757 2.0” teria certamente um desempenho bastante atraente e a um custo bem mais realista.
A suposta proposta também agradaria seus funcionários no estado de Washington, que têm visto as fábricas perderem importância com a queda na demanda por widebodies. Não é uma decisão fácil de ser tomada, ainda mais num período de tantas incertezas, mas não deixa de ser positivo voltar a ver a Boeing pensando num novo avião.
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