Turbulências inesperadas são um dos maiores aborrecimentos que um viajante pode enfrentar durante um voo. De um momento para o outro, sem aviso prévio, o avião pode começar a balançar, causando desde incômodos como bebidas derramadas ou até situações mais graves, com passageiros (sem cintos afivelados) lançados de seus assentos.
Para evitar esse tipo de situação e ao menos dar uma chance para os passageiros se preparam para o “chacoalhão” surpresa, a Boeing vai testar um sistema de laser capaz de detectar turbulências repentinas a distância.
“Esperamos poder detectar a turbulência em céu claro mais de 60 segundos à frente da aeronave, ou cerca de 17,5 quilômetros, dando à equipe de pilotos e comissários tempo suficiente para proteger a cabine e minimizar o risco de lesões”, disse Stefan Bieniawski, o principal diretor do programa de testes da Boeing, à revista Wired.
O laser, desenvolvido pela Boeing em parceria com a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, funciona projetando uma “linha estável à frente da aeronave”, explicou Bieniawski.
O equipamento e seu software são projetados para analisar os movimentos das partículas no ar à frente da aeronave, que serão refletidas pelo laser. Quaisquer mudanças significativas que o sistema detectar alertarão a tripulação de que há turbulência pelo caminho, dando-lhes o tempo que precisam para avisar os passageiros ou desviar a aeronave, se necessário.
O laser de detecção de turbulência é um dos 30 novos sistemas programados para serem analisados nos próximos meses com a aeronave de testes que a empresa chama de ecoDemonstrador, um jato 777 “emprestado” pela companhia de carga FedEx.
Turbulência em céu claro
Diferentemente de turbulências convencionais, que podem ser detectadas pelo radar da aeronave, a turbulência inesperada, chamada na aviação pelo termo CAT (de Clear Air Turbulence – Turbulência em Céu Claro), atinge o avião de surpresa.
A CAT é um fenômeno que ocorre em céus limpos e supostamente calmos, sem dar nenhum indício visual, seja a olho nu pela tripulação ou pelos equipamentos de navegação do avião. Esse efeito acontece a partir do choque de diversas massas de ar que se movimentam em diferentes velocidades.
Atualmente, a única forma que os pilotos tem para evitar essas situações são por meio de registros de outras aeronaves, que enfrentaram a situação inesperada pelo caminho à frente, ou transmitidos pelo controle aéreo.
Esse é o tipo de situação na aviação comercial que envia passageiros e membros da tripulação para o hospital, como foi o caso recente de um voo da companhia Aeroflot, da Rússia, entre Moscou e Bangkok, que deixou 27 pessoas feridas após ser pego de surpresa por uma CAT.
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