O último bombadeiro nuclear da Real Força Aérea (RAF) não ganhou uma aposentadoria tranquila. Aos 62 anos de idade, o Avro Vulcan de matrícula XH558 está em busca de uma nova casa com o iminente fechamento do aeroporto de Doncaster Sheffield, a 276 km ao norte de Londres.
O aeroporto, que abriga o XH558, tornou-se insustentável comercialmente com a pandemia de Covid-19 e sofreu outro um golpe recente com o cancelamento de voos da companhia aérea de baixo custo Wizz Air a partir do terminal.
Embora funcionários e grupos locais ainda tentem reverter a decisão do Peel Group, que controla o aeroporto, o destino do XH558 está selado. A aeronave só pode ficar ali até junho de 2023.
Responsável pela manutenção do XH558, a fundação Vulcan to the Sky estuda as possibilidades para transferir a aeronave de lugar, incluindo um último e improvável voo. Outra possibilidade é desmontar o bombardeiro e montar na nova residência, ainda sem lugar definido.
O bombardeiro se estabeleceu no aeroporto de Doncaster Sheffield em março de 2011 e recebe milhares visitantes por ano. Até 2015, ainda era possível ver a aeronave fazer voos de demonstração. Desde então, ela pode apenas taxiar.
V-bomber
O Avro Vulcan foi criado para ser um bombardeiro nuclear estratégico de rápida contra-resposta a um possível ataque nuclear da União Soviética, durante a Guerra Fria. O XH558 é um modelo B.2 que faz parte de um pedido de 35 Vulcans feito em 1954 pelo então ministério da defesa britânico.
A aeronave foi entregue em apenas 1960 já com melhorias em relação aos primeiros modelos fabricados, mas nunca chegou a entrar em combate. Ao longo dos anos, o XH558 foi usado principalmente para treinamentos e demonstrações.
O Vulcan B.2 era capaz de transportar um míssil nuclear Blue Steel ou 21 bombas de 454 kg. Ele levava cinco tripulantes, sendo piloto, co-piloto, navegador-radar, navegador-plotagem e engenheiro eletrônico.
Restauração
Em 1997, o XH558 foi comprado por Robert Pleming, que queria restaurá-lo e colocá-lo no ar novamente. Para levantar fundos, criou a Fundação Vulcan to The Sky.
Até 2003, a fundação tentou levantar peças e componentes para restauração. Nesse mesmo ano surge uma doação de £ 2,7 milhões para colocá-lo no ar.
Com grandes esforços de ex-oficiais da RAF e ex-funcionários da Avro, o Vulcan B.2 XH558 voou novamente em 2007, recebendo homologação permanente no ano seguinte.
Em 2015, o bombardeiro já era o Vulcan com mais horas de voo na história e as empresas BAE, Marshall e Rolls-Royce retiraram seu apoio ao projeto devido a preocupações de segurança.
John Sharman, presidente do fundo gestor, afirmou que será difícil conseguir uma licença para voar novamente, mas que ainda é uma opção.
Lindo esse avião. Em 2018 vi ao vivo no Museu da Força Aérea inglesa em Londres.