A Bombardier iniciou um processo de reestruturação em que vai fundir seus negócios na aviação comercial e executiva em um único grupo, o Bombardier Aviation. Além dessa mudança, a empresa canadense anunciou que pretende vender suas fábricas de aeroestruturas em Casablanca, no Marrocos, e em Belfast, na Irlanda do Norte.
A venda da fábrica em Belfast é particularmente especial. A unidade foi erguida em 1948 pela Short Brothers, a fabricante de aviões mais antiga do mundo ainda na ativa. A empresa foi fundada em 1897, como uma fábrica de balões, e a partir de 1909 começou a produzir o rústico monomotor Wright Flyer sob licença dos irmãos Wright. E desde então não parou.
Em 1989, a Short Brothers foi adquirida pelo grupo Bombardier e passou a produzir somente aeroestruturas. Curiosamente, um ano antes a empresa norte-irlandesa havia anunciado o programa FJX, um pequeno jato regional projetado para rivalizar justamente com o CRJ100 da Bombardier, que também estava em desenvolvimento. A aeronave, todavia, nunca saiu das pranchetas.
O último avião (inteiro) produzido pela fabricante foi o Short Tucano, a versão local do Embraer EMB-312 Tucano. No passado, a empresa da Irlanda do Norte foi famosa por produzir grandes hidroaviões e um de seus projetos mais populares é o Short 360, bimotor utilitário que em breve será empregado pelo Exército Brasileiro.
Nos 30 anos em que a Bombardier foi proprietária da empresa, a Short Brothers se tornou a maior indústria de manufatura da Irlanda do Norte. A unidade também já produziu componentes para a Rolls Royce, General Eletric e Boeing.
“Focaremos nossas atividades de aeroestruturas em torno de nossas principais unidades em Montreal, no México e em nossas recém-adquiridas instalações no Texas”, disse Alain Bellemare, presidente e CEO do grupo Bombardier. “Coletivamente, essas instalações proporcionam à Bombardier todas as habilidades, tecnologias e capacidades para projetar, produzir e atender a atual e a próxima geração de aeronaves.”
A decisão da Bombardier de vender suas instalações em Belfast e em Casablanca acontece após o grupo canadense cortar a maioria de seus produtos na aviação comercial. Em 2017, a Airbus adquiriu o programa C Series e, em 2018, a família de turbo-hélices Q Series foi vendida para a Viking Air, também do Canadá. Com isso, o grupo canadense manteve apenas a série CRJ de jatos regionais. Ao menos por enquanto.
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